Nesta quarta-feira (24) foi revelado que um grupo de políticos e empresários de Belo Horizonte (MG) tomaram as primeiras doses da vacina contra a Covid-19 da Pfizer, apesar de nenhum deles ser parte do grupo de risco. De acordo com a Revista Piauí, as 50 pessoas que receberam a vacina são executivos ou familiares ligados ao setor de transportes de Minas Gerais. A Pfizer negou a venda fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização (PNI) em nota oficial.
“A Pfizer e a BioNTech fecharam um acordo com o Ministério da Saúde contemplando o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 ao longo de 2021″, diz a nota.
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As doses foram aplicadas após uma compra por iniciativa própria da viação Saritur, sem repassar ao Sistema Único de Saúde (SUS). A segunda dose está prevista para daqui a trinta dias. As duas doses custaram a cada pessoa R$ 600.
A organização do esquema veio dos irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da transportadora, e a aplicação dos imunizantes aconteceu em uma das garagens da empresa.
Dentre os políticos envolvidos, estão o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o deputado estadual por Minas Alencar da Silveira (PDT). Andrade alegou que tem 69 anos e já tomaria a vacina semana que vem, conforme o plano de imunização nacional, e ainda disse que não pagou pela dose. Silveira nega ter recebido a vacina.
Vacinação privada
No início de março, o Congresso Nacional aprovou uma lei que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada
, mas a obriga a doar todas as doses ao SUS até que os grupos de risco, 77,2 milhões de pessoas, seja completamente vacinado.
O projeto de autoria do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM - MG) foi aprovado em menos de uma semana pelas duas casas. Dias depois, o presidente Jair Bolsonaro o sancionou. Até o momento, o Brasil vacinou menos de 15 milhões de pessoas.
A família de Pacheco é ligada ao setor de transportes de MG, e são donos da Viação Real e da Santa Rita. Como deputado federal e senador, Pacheco defendeu os interesses do setor em seus mandatos.
Procurado pela reportagem, Pacheco respondeu que “a matéria não foi feliz quando me insere num fato do qual nem de longe participei e que, se existiu, não concordo. E a lei referida não admite vacinação privada, mas aquisição de vacina para doação ao SUS”.