Petrobras anuncia um novo aumento a cada onze dias: O que mais vem por ai?

Na terça-feira (9), as bombas tiveram o sexto reajuste do ano — 9,2% para a gasolina e 5,5% para o diesel. Especialistas avaliam o cenário

Foto: Agência Brasil
Alguns estados já registram gasolina acima de R$ 6,00

Na segunda-feira (8) a Petrobras anunciou mais um reajuste no preço da gasolina e do diesel , a média neste ano é um aumento a cada onze dias .  

Só em 2021 este foi o  sexto reajuste  da a gasolina, e o quinto do diesel, refletindo um salto de 52% e 42% respectivamente, na comparação com o ano passado, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). Em alguns estados, já é possível encontrar a gasolina acima dos R$ 6,00 nos postos. 



Em nota, a estatal afirmou que o consumidor não sentiria a elevação dos preços nas bombas: "Os preços praticados pela Petrobras, e suas variações para mais ou para menos, associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio, têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais".

Alta histórica

De acordo com o último Índice de Preços Ticket Log (IPTL), publicado na terça-feira (9), o preço médio da gasolina nos mais de 19 mil postos cadastrados pelo Brasil é de R$ 5,569. Já o valor médio do diesel é R$ 4,337. 

“Em 20 Estados, o preço do combustível ultrapassou a marca de R $5,00, não registrada nas médias nacionais desde o início da série histórica do IPTL, em 2011. Em janeiro, apenas três Estados registraram valores acima desta faixa. Um avanço que está relacionado aos anúncios de aumento dos preços feitos pela Petrobras no período, que por sua vez segue uma política baseada no mercado internacional do petróleo”, destaca Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil.

O que justifica esse aumento?

O petróleo, que no início da pandemia do novo coronavírus chegou a custar US$ 30 (R$ 169,63) o barril, hoje está em US$ 68,13 (R$ 385,23), um avanço de 126%. A disparada no preço da commodity fez com que a estatal precisasse corrigir seus preços recorrentemente, devido à política de Paridade de Importação (PPI), adotada pela Petrobras em 2016, que prevê reajustes no Brasil à medida que a cotação sobe no mercado internacional.

Ao reajustar os preços, a Petrobrás se alinha às cotações do petróleo no mercado internacional, que deram uma guinada na última semana, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciar cortes na produção. 

"O alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às regiões brasileiras", afirmou a empresa em nota. 

Há possibilidade de novos aumentos ainda este mês?

O mandato do atual presidente, Roberto Castello Branco, se encerra em 20 de março, para ocupar a vaga, o presidente Jair Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna, atual dirigente da Itaipu Binacional. Além disso, o conselho diretor perdeu quatro de seus membros.

Após um indício de greve dos caminhoneiros, Bolsonaro redigiu dois decretos. A partir de então os postos são obrigados a detalhar a composição do preço dos combustíveis na bomba. Somado a isso, a União zerou o imposto federal incidente na gasolina e no diesel. 

Essas modificações, entretanto, podem não ser capazes de conter o avanço do preço. Isso porque a Opep anunciou que manterá os cortes na produção de petróleo até abril , fazendo com que ainda em março possa ocorrer um novo reajuste. A manutenção dos cortes é uma vitória para a Arábia Saudita, principal produtor mundial da commodity, que tem pressionado consistentemente por uma maior restrição da produção. 

A última vez que os combustíveis reduziram o valor nas refinarias foi em maio de 2020. Se os países integrantes da Opep decidirem manter a produção neste nível, é possível que o Brasil complete um ano seguido de aumento nas bombas.