SÃO PAULO —A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza o mercado de capitais , abriu um processo administrativo para investigar a possibilidade de informação privilegaiada com operações de contratos de opções de ações da Petrobras. A colunista do GLOBO, Malu Gaspar, revelou esta semana operações atípicas com opções da petrólifera, que pode ter resultado em lucro de R$ 18 milhões para quem comprou os papéis.
Segundo a colunista, os contratos de opções de ações foram comprados, no maior volume já resgitrado pela B3, foram comprados logo depois que o presidente Jair Bolsonaro se reuniu, na quinta-feira da semana passada, com ministros, incluindo Paulo Guedes, da Economia, e anunciou em live semanal que o encontro serviu para discutir medidas para reduzir o preço dos combustíveis. Só quem acreditasse numa queda de mais de 8% das ações da Petrobras na sexta-feira faria uma aposta tão arriscada com esses papéis.
Na sexta, após o fechamento do mercado, Bolsonaro anunciou a troca de comando da Petrobras, substituindo Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna. Na quinta-feira, dia 18 de fevereiro, quando essas opções foram compradas, a ação preferencial da Petrobras (PETR4 PN) valia R$ 29,27. Para que os contratos dessem lucro, o valor da ação teria que cair a R$ 26,50. Na segunda-feira, dia 22, no primeiro pregão após o anúncio de Bolsonaro, as ações da petrolífera caíram 20% e fecharam a R$ 21,45.
Como se tratava de uma operação de alto risco, já que os contratos de opções venciam no dia 22, esses papéis estavam sendo vendidos a R$ 0,04, 80% menos do que o preço do lançamento do papel.
Os contratos de opções fazem parte de um rol de mecanismos que quem se aventura no mercado de renda variável dispõe para se proteger das oscilações de preços. Muitas vezes, ele pode usar esses mesmos instrumentos para especular sobre a valorização ou desvalorização de um ativo e ganhar (ou perder) dinheiro no curto prazo. Eles funcionam como seguro ou alavanca de movimentos mais arriscados.
O processo de investigação administrativa sobre o caso é o de número CVM 19957.001646/2021-76. Procurada, a CVM informou que não comenta casos específicos.