Auxílio emergencial evitou queda ainda maior do PIB, diz economista
Em 2020, economia brasileira levou tombo de 4,2%, mesmo com recuperação de 3,2% no último trimestre
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (3) evidenciou uma queda de 4,1% da economia brasileira em 2020, mesmo após o quarto trimestre do ano ter registrado uma alta de 3,2% se comparada ao anterior. Os dados põem fim ao crescimento econômico visto no país nos últimos três anos.
De 2017 a 2019, o acúmulo do PIB foi de 4,6%. Em 2020, a crise global provocada pela pandemia do novo coronavírus praticamente acabou com isso, com queda anual de 4,1% da soma de todos os bens e serviços produzidos no país. A queda no ano passado foi a maior desde o governo de Fernando Collor, o que poderia ser ainda pior, não fosse o auxílio emergencial .
"A retração é bem menor do que a esperada no início do ano passado. Um dos principais fatores para que o PIB não tivesse uma perda tão agravante foi o esforço do governo para sustentar a demanda agregada por intermédio do auxílio emergencial. Apesar disso, ainda é necessário maior esforço fiscal para compensar os gastos", defende Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.
O auxílio, pago a mais de 65 milhões de brasileiros em 2020, foi a única ou principal renda de muitos em meio à crise e limitações geradas pela necessidade de distanciamento, e foi essencial para que a economia seguisse funcionando e a população tivesse poder de compra, colaborando para a recuperação, acentuada no último trimestre.
Segundo Matheus Jaconeli a perspectiva da corretora para o PIB do quarto trimestre era uma alta de 2,8% - foi de 3,2%. "A alta se baseia no avanço do começo do trimestre. Principalmente, por conta do progresso na atividade comercial, serviços e a da produção comercial nos dois primeiros meses. O que pesou negativamente na atividade econômica foram os resultados do comércio e serviços , o que acabaram por evidenciar retração no consumo e desaceleração na retomada da economia durante o mês de dezembro", explica.
Sem auxílio e com avanço da pandemia, o primeiro trimestre de 2021 deve ser marcado por nova desaceleração da economia. A expectativa, muito em função disso, é que o benefício pago aos brasileiros de baixa renda seja retomado em breve, com parcelas menores que os R$ 600 originais do auxílio.