O aumento nos gastos do governo para o enfrentamento dos efeitos da pandemia causou um crescimento na dívida pública brasileira, que encerrou 2020 em 89,3% do PIB , o maior patamar da série histórica iniciada em dezembro de 2006. A estatística foi divulgada nesta sexta-feira pelo Banco Central (BC).
O endividamento já vinha subindo mesmo antes da crise, em janeiro, mas foi acelerado com os gastos para a saúde e para financiar o auxílio emergencial ao longo do ano. Em janeiro, a relação dívida/PIB estava em 74,6%, chegou a 80,5% em maio e em 89,1% em outubro. No total, o aumento foi de 15 pontos percentuais.
O indicador chegou a superar os 90%, mas o Banco Central recalculou com base na revisão do PIB feita pelo IBGE. A estatística considera a dívida pública bruta , que compreende o governo federal, o Instituto Nacional do Seguro Social ( INSS ) e os governos estaduais e municipais. O dado é acompanhado de perto pelo mercado financeiro para medir a capacidade do país de pagar suas dívidas, o chamado nível de solvência.
Déficit nas contas
O aumento da dívida é reflexo do maior déficit no setor público da série histórica iniciada em 2001. De acordo com o Banco Central, o resultado de 2020 foi de R$ 703 bilhões (9,49% do PIB), muito acima do registrado em 2019, quando o déficit foi de R$ 61,9 bilhões (0,84% do PIB ).
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Antes de 2020, o maior déficit era o de 2016, mas ainda assim em um patamar muito inferior, de R$ 155,8 bilhões.
O número exclui os gastos com juros da dívida e é referente ao chamado setor público consolidado, que engloba União, estados, municípios e empresas estatais.
O déficit ficou concentrado no governo central, que registrou resultado de R$ 745,4 bilhões, e suavizado pelos governos regionais, que tiveram superávit de R$ 38,7 bilhões, e pelas empresas estatais, que também registraram resultado positivo, mas de R$ 3,6 bilhões.