Com o ano letivo se aproximando, começa a corrida por materiais escolares . Com preços altos e muitos livros exigidos, os pais e mães dos alunos não dispensam nenhuma alternativa para aliviar os custos. Alguns colégios e alguns responsáveis criaram táticas para “driblar” os preços caros.
No Colégio Franciscano Pio XII , no bairro do Morumbi, em São Paulo, SP, desde 2004, é realizado, por mães voluntárias, um projeto chamado “ Bibliotroca ”. Nele, os pais podem trocar livros em bom estado, diminuindo os custos.
Anos após o início do programa, foi criado o “ Uniformetroca ”, seguindo o mesmo molde, mas aplicado aos uniformes escolares.
A dinâmica é simples: a cada item dado, um item poderá ser escolhido. Dessa forma, se o responsável por um aluno der um livro , poderá pegar um em troca. Caso dê dois, poderá pegar dois e assim por diante.
Este ano, com as medidas de distanciamento social devido à pandemia do novo coronavírus, o projeto sofreu alterações. Durante os dias 17 e 18 de dezembro de 2020, as trocas foram efetuadas por drive-thru.
“Apesar de todas as dificuldades deste ano, nos preparamos para atender às famílias com segurança e esperamos que dessa forma, possamos continuar fazendo nosso trabalho de solidariedade”, avalia Mary Elizabeth Azevedo, coordenadora da Bibliotroca há 12 anos e mãe de uma aluna e de dois ex-alunos do Pio XII. “Enquanto estivermos nessa situação, vamos nos readaptando e não vamos desistir de atender a todos pais”.
Dessa forma, as mães voluntárias do projeto “Bibliotroca” fizeram o atendimento via drive-thru no Colégio Franciscano Pio XII nos dias 17/12, das 9h às 12h e das 13h às 16h e 18/12, das 9h às 12h. Em janeiro, as famílias serão orientadas sobre a entrega desses materiais em datas e horários a definir.
Alessandra Almeida, mãe de trigêmeas que estudam no colégio e que irão ingressar na 1ª série do Ensino Médio em 2021, explica a importância dessa economia.
“Tenho três filhas, trigêmeas, que estudam juntas [...] o custo de material das três era praticamente o custo de mensalidade de uma”, explicou a respeito do dinheiro poupado.
A troca dos materiais é importante para a família, que é forte adepta do projeto. “Troquei todos os livros. No começo do ano a gente pegou praticamente todos os livros, no máximo dois ou três que a gente acabou comprando, porque a própria escola mudou livros e a gente não pôde usar os livros do ano anterior”, explicou Alessandra.
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“Em 2020 eu acho que economizei pelo menos uns 70%, nos anos anteriores economizei quase uns 90%”, completou ao afirmar que essa diferença se deu pela mudança de alguns materiais adotada pela escola.
E, em época de pandemia, esse desconto faz ainda mais diferença. “É muito importante economizar, até porque os preços de tudo acabaram subindo, então, quem está numa classe média sofre muito com essa inflação”, comentou Alessandra.
Outro colégio que aderiu a um modelo de troca de materiais é o Colégio Humboldt , localizado no bairro de Interlagos, em São Paulo.
O Projeto Doe Humboldt , que é coordenado e levado à diante por quatro mães voluntárias, começou, quase por acaso, há alguns anos.
“Uma amiga, mãe de trigêmeos , com filhos no ano letivo um ano abaixo do da minha filha mais velha me perguntou se eu me importaria em emprestar os livros que pudessem ser reutilizados por um dos filhos dela no próximo ano. Disse a ela que não só não me importaria, mas que tentaria conseguir com outras mães de amiguinhas da minha Vic (sua filha Victoria), se elas também não poderiam emprestar. Assim, quase sem querer, os livros começaram a chegar e passar de uma mãozinha para a outra, de um ano para o outro”, conta Theresa Cristina Beduschi Cianci, 51, engenheira agrônoma e professora de inglês que iniciou o projeto.
Ela conta também que, na biblioteca, há um especial de livros, principalmente de leitura, que são colocados ali para doação e vez ou outra. “Livros que faziam parte da lista de material de alguma turma, apareciam ali e sempre que eu sabia de alguma família que tinha filhos que iriam para a série onde aquele livro poderia ser reaproveitado, perguntava se já tinha, se não precisava”, diz Theresa.
O projeto foi crescendo ano a ano, com cada vez mais mães procurando a professora tanto para solicitar alguns volumes, quanto para oferecer os livros que seus filhos usaram. Assim, o Projeto Doe Humboldt já tem 10 anos.
No início, tudo era no boca a boca, nas conversas rápidas nos encontros proporcionados nos momentos de deixar e buscar as crianças no colégio. Hoje, com mais pessoas engajadas nessa corrente e a popularidade e procura por doações aumentando mais e mais, foram criados grupos de Whatsapp para organizar.
“Acredito que as doações de livros e uniformes têm conseguido a adesão de pelo menos metade das famílias que fazem parte da nossa comunidade escolar. A aceitação e aderência das famílias ao projeto vêm crescendo ano após ano”, afirma Theresa.