Relatório mundial prevê desemprego massivo e tensões políticas no pós pandemia

O Relatório de Riscos Globais, do Fórum Econômico Mundial, apontou a desigualdade digital, a estagnação econômica prolongada e as mudanças climáticas como os principais desdobramentos da pandemia para os próximos anos

Foto: Foto: Fabrice Coffrini/AFP
O Fórum Econômico Mundial reúne anualmente políticos e empresários influentes para discutir questões mundiais.


O Relatório de Riscos Globais do FEM ( Fórum Econômico Mundial ) de 2021 indicou que as consequências da pandemia de Covid-19  serão sentidas até a próxima década . Anualmente, o relatório traz as principais previsões de riscos que podem afetar a economia mundial em três categorias: curto prazo (até dois anos), médio prazo (até 5 anos), e longo prazo (em até 10 anos).

De acordo com o parecer, os desdobramentos da crise do novo coronavírus vão da economia das nações  as suas relações geopolíticas , passando pela questão ambiental e pelas desigualdades sociais. Tendências atuais como agitação social, fragmentação política e tensões internacionais tendem a se agravar, enquanto estouro de bolhas de ativos, instabilidade de preços e crises de dívida são as maiores preocupações. 

Instabilidade econômica 

Uma pesquisa que serve de base para o Relatório de Riscos Globais deste ano demonstrou que a economia global está em sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. O resultado disto são milhões de pessoas desempregadas no mundo inteiro e a descida de muitas delas para baixo da linha da pobreza . Esse processo é ainda mais evidente em países em desenvolvimento, onde as desigualdades sociais de acentuaram. 

"Interações sociais interrompidas e mudanças abruptas nos mercados podem levar a consequências terríveis e oportunidades perdidas para grande parte da população global", diz o relatório.

O confinamento fez com que governos, universidades, empresas, alguns setores da indústria e do comércios aderissem massivamente às tecnologias digitais para minimizar a interrupção devida ao isolamento social. Esse movimento de crescente dependência tecnplógica escancarou as diferenças de acesso à internet entre os países e dentro deles, com muitas crianças impossibilitadas de assistir às aulas virtuais, com comércios fechando por dificuldade de se adaptar e com trabalhadores autônomos incapazes de aderir a uma forma de trabalho "virtual"

As expectativas são que ainda sintamos esses efeitos na economia por três a cinco anos. 

Tensões políticas

O levantamento recomenda que os Estados tenham cautela ao lidar com as tensões sociais dentro e fora de suas fronteiras. Além de disputas por territórios, o FEM prevê o agravamento da polarização política e dos discursos extremistas intensificados pelas redes sociais . Os resultados podem ser drmáticos, desde insurreições até terrorismo com cyber ataques.

"À medida que governos, empresas e sociedades começam a emergir da pandemia, eles devem agora moldar com urgência novos sistemas econômicos e sociais que melhorem nossa resiliência coletiva e capacidade de responder a choques enquanto reduzem a desigualdade, melhorando a saúde e protegendo o planeta", reforça o Fórum.

O relatório também destaca a preocupação com os  tratados nucleares e armas controladas por inteligência artifical. 

Riscos ambientais 

Pelo terceiro ano consecutivo, as mudanças climática aparecem no levantamento como as maiores ameaças a longo prazo. Desta vez, devido a "falhas na ação climática".

Ainda que o inicio do isolamento social tenha sido responsável pela diminuição da emissão de gases estufa e pelo reaparecimento de espécies nátivas em várias regiões do mundo, 2020 segue como o ano mais quente registrado. Uma forte guinada econômica e a retomada das atividades previstas para 2021 e 2022 podem acelerar o aquecimento global e a emição dos gases. 

O relatório observou que as respostas à atual pandemia, que causou novas "tensões domésticas e geopolíticas que ameaçam a estabilidade", podem atrapalhar a luta global contra as mudanças climáticas. Os consultados para o levantamento classificaram o "colapso do multilateralismo" como uma ameaça crítica de longo prazo.