Bolsonaro mantém André Brandão na presidência do Banco do Brasil
Decisão foi feita para evitar implicações no mercado financeiro
André Brandão segue no cargo de presidente do Banco do Brasil (BB). A decisão foi tomado após aliados do presidente Jair Bolsonaro o alertarem de que sua demissão poderia virar motivo de processo por interferência indevida no Brasil e nos Estados Unidos. O banco tem ações na bolsa.
O aviso foi feito pelo presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto, e os ministros Paulo Guedes , da Economia, e José Levi, da Advocacia-Geral da União.
Jair Bolsonaro ficou irritado com o fechamento de agências e com o plano de demissão de 5.000 funcionários. Um fator que intensificou o aborrecimento é que o anúncio foi feito sem comunicado prévio ao presidente e às vésperas das eleições para a presidência da Câmara e do Senado .
Porém, as medidas haviam sido informadas ao general Braga Netto, da Casa Civil, mas este não passou os alertas com o vigor devido ao presidente.
Bolsonaro tem defendido a recuperação econômica do país, baseado em dados de geração de empregos do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), como fez, por exemplo, quando a Ford anunciou a retirada das suas montadoras do país.
A demissão de 5.000 empregados da estatal foi interpretada como peso político para o presidente.
Devido às possíveis implicações legais ao governo e ao esforço de Guedes, Levi e o Campos Neto , Bolsonaro optou por não demiti-lo.
Um dos integrantes da diretoria de Brandão negou a existência de algum debate para revisar as medidas de reestruturação administrativa.
Segundo ele, mesmo que a decisão seja do Palácio do Planalto, a percepção no banco é de que Brandão conseguirá passar adiante o plano de redução de gastos.
No banco, a situação ficou mais calma. Os trabalhos seguem sem perspectiva de mudanças nos gastos da administração. Parte da diretoria do BB não entendeu porque Bolsonaro ficou tão irritado com o plano de demissões, já que a Caixa e a Petrobras , nos últimos meses, fizeram o mesmo.
O seguimento do banco dependerá do quanto Bolsonaro, que segue inconformado, será paciente com o presidente André Brandão.
O Banco do Brasil registrou seu terceiro dia consecutivo de queda.
Antes do anúncio do plano de demissão, as ações tinham subido 22% desde a confirmação de Brandão na presidência.