MPT investiga se Ford cumpriu direitos ao demitir funcionários
Órgão se reuniu com representantes da montadora para obter informações sobre o número de demitidos
O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu inquéritos nos três estados onde ficavam as fábricas da Ford , em São Paulo, Bahia e Ceará, para verificar se os acordos entre a montadora e os funcionários demitidos estão sendo cumpridos. A Ford anunciou na segunda-feira (11) o fim da fabricação de automóveis no Brasil .
Os inquéritos também vão acompanhar se todos os direitos dos trabalhadores estão sendo atendidos, qual o número de demitidos, além de verificar se há algum tipo de compensação extra, como uma extensão do plano de saúde.
Procuradores do MPT se reuniram nesta quinta-feira com representantes da montadora para conversar e “coletar dados” sobre a saída das operações da empresa do país.
De acordo com uma nota divulgada pelo MPT, os procuradores mostraram preocupação com os efeitos sociais e econômicos do fim das atividades nas três fábricas da montadora, em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). O procurador-geral do MPT, Alberto Balazeiro também ressaltou a preocupação com a empregabilidade dos funcionários demitidos.
Ainda na reunião, o MPT informou à montadora a existência dos três inquéritos. Os procuradores responsáveis por conduzir essas investigações estiveram presentes na reunião. Para auxiliar no acompanhamento da situação, o MPT também criou um Grupo Especial de Atuação Finalística (Geaf) para coordenar a atuação do órgão de forma a “mitigar os efeitos decorrentes” do fim das atividades. A Ford se comprometeu a encaminhar para o órgão os dados que serão requisitados.
Além dos procuradores, participaram da reunião o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal e o secretário do Trabalho, Bruno Dalcolmo, do Ministério da Economia . Do lado da montadora, o gerente de Relações Governamentais, Eduardo Freitas, e o diretor jurídico da Ford, Luís Cláudio Casanova, estiveram presentes.
Os representantes da montadora vêm se encontrando com os órgãos públicos responsáveis pela área trabalhista. Na última terça-feira, a reunião foi com a presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) , Maria Cristina Peduzzi. Na ocasião, a Ford explicou que buscou alternativas antes de tomar a decisão de interromper a produção de veículos no Brasil.
A decisão da montadora causou manifestações de trabalhadores em frente às fábricas. Na terça-feira, funcionários das plantas de Camaçari e de Taubaté para protestar contra o fechamento dos postos de trabalho.
O presidente Jair Bolsonaro também reagiu. Ele lamentou a perda de empregos e afirmou que “faltou a Ford dizer a verdade” , completando que a montadora queria subsídios. Bolsonaro foi rebatido no dia seguinte pelo presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) , Luiz Carlos Moraes, que afirmou que as montadoras queriam competitividade e não subsídio .