O preço dos alimentos tem assustado consumidores em todo o país, e registram alta de 25% em 2020, a maior desde o início do Plano Real. Matérias primas brutas como soja, milho, carne e minério de ferro chegaram a aumentar 67,9%, segundo levantamento do Ibre da FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Entre os motivos dessa alta estão a desvalorização cambial e o aumento do preço desses itens em dólar. Pesam também o desabastecimento de alguns produtos por causa do aumento das exportações e do rápido aquecimento da demanda, após a paralisação de diversas cadeias produtivas por causa da pandemia .
O arroz, por exemplo, subiu quase 120% no atacado e 62% no varejo. A carne bovina 33,6% de alta, e o óleo de soja chegou a aumentar 99,1%.
IPCA (índice de preços ao consumidor)
A estimativa de inflação para o ano que vem também subiu. De acordo com a previsão do Banco Central, o IPCA deve fechar o ano em 4,21%. Em agosto, a estimativa era de 1,63%.
Segundo a FGV, o IPCA deve continuar subindo até maio do próximo ano, quando deve ficar acima de 6% em 12 meses. Depois, a estimativa é de queda para fechar o ano entre 3,55% e 4,5%, a depender de alguns fatores: a estabilidade ou valorização do real, o fim do ciclo de alta de preços de commodities no exterior e o fim do desequilíbrio entre oferta de demanda.
"Primeiro, precisa de uma estabilidade maior da taxa de câmbio, o que a gente só vai conquistar tendo um cenário fiscal mais claro. Ainda que a gente tenha uma valorização do real nos próximos meses, se o preço dessas commodities seguir avançando lá fora, como tudo indica, esses impactos ao produto vão continuar ”, afirma Andre Braz, coordenador do núcleo de preços ao consumidor do Ibre.