A atitude hostil do presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em relação à China voltou a preocupar o agronegócio brasileiro, que tem no país asiático o principal mercado de destino para produtos agropecuários.
Representantes do setor se apressaram em dizer a autoridades chinesas, nesta quinta-feira, que as últimas declarações do parlamentar são isoladas e não refletem a posição da sociedade brasileira .
Nesta quinta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que fala de Eduardo Bolsonaro sobre China não interfere na atuação do governo junto ao país asiático.
Filho do presidente Jair Bolsonaro , Eduardo publicou no início da semana, em uma rede social, declarações — parte delas apagadas pelo parlamentar — em que dizia que o governo da China praticaria espionagem, se a chinesa Huawei for fornecedora de infraestrutura para a velocidade 5G de telefonia celular no Brasil, e que o Brasil aderiu ao programa Rede Limpa , do governo dos Estados Unidos.
O embaixador da China em Brasília, Yang Wanming , reagiu à provocação do parlamentar dizendo que as afirmações do deputado eram "infames e infundadas". Ele alertou que esse tipo de comportamento perturba as relações bilaterais e que Eduardo arcaria com as consequências.
Internada em um hospital desde o último domingo, com Covid-19, a senadora Kátia Abreu (Progressistas/TO), enviou um ofício ao embaixador da China reforçando a importância da parceria chinesa .
A ex-ministra da Agricultura, titular da Comissão de Relações Exteriores do Senado e integrante da bancada ruralista no Congresso , destacou que "posições políticas isoladas não representam a voz dos brasileiros".
"O Itamaraty tem por obrigação descredenciar as palavras do filho do presidente, que apesar de deputado não fala pelo governo ou pelo Brasil. Ou fala?", indagou a senadora em resposta ao GLOBO.