A privatização da Eletrobras , cujo projeto se arrasta há meses no Congresso por forte resistência de parlamentares — principalmente do Norte e do Nordeste —, ganhou um novo entrave com o apagão que já dura mais de uma semana no Amapá .
O incidente, que envolve uma empresa privada, deve ser usado como argumento no Congresso para os que tentam bloquear o plano do governo de vender a estatal, avaliam integrantes do governo e líderes políticos.
Um dos argumentos dos críticos à privatização é o de que as falhas na fiscalização e as dificuldades de a empresa privada responsável pela subestação de trocar transformadores estão tendo que ser supridas pelo governo e pela Eletronorte, subsidiária da Eletrobras.
O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), inclusive, é uma das figuras mais importantes da disputa. Com grande influência, sobretudo no Senado, ele já mostrava resistência à privatização por acreditar na falta de votos para aprovação, e o apagão piorou a situação.
Eleito pelo estado do Amapá e com um irmão concorrendo à prefeitura de Macapá, Alcolumbre é afetado diretamente pelo apagão e tem cobrado, nos bastidores, ações efetivas e mais rápidas do governo para resolver a questão. Além disso, o 'choque de energia barata' prometido pelo governo federal e muito defendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, pode sofrer resistência do senador.
Se antes havia a expectativa de a proposta ser votada sem alterações ainda em 2020, essa possibilidade ficou mais distante agora, segundo fontes ligadas a Alcolumbre ouvidas pelo jornal O GLOBO .