Bolsonaro: decreto sobre privatização do SUS deve ser reeditado "semana que vem"
Presidente afirmou também que 'ninguém vai tomar na marra' vacina produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan
Por Agência O Globo |
Um dia após revogar o decreto que autorizava a equipe econômica a preparar modelo de privatização para unidades básicas de saúde (UBS) , o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que deverá reeditar "na semana que vem" o texto. Referindo-se a situação como "probleminha", Bolsonaro disse que o decreto "não tinha nada a ver com privatização", mas ressaltou que foi revogado por causa da reação negativa.
"Tivemos um probleminha ontem, um decreto sobre o SUS, que não tinha nada a ver com privatização . Mas lamentavelmente grande parte da mídia fez um carnaval em cima disso, "vai privatizar o SUS, o pobre não vai poder ser atendido pelo SUS". Revoguei o decreto, fiz uma nota explicando o que era o decreto, dizendo que nos próximos dias poderemos reeditar o decreto, o que deve acontecer na semana que vem", disse o presidente, durante transmissão ao vivo em redes sociais.
O decreto, publicado na terça-feira, autorizava a equipe econômica a preparar modelo de privatização para UBS. A medida incluiu a política de fomento ao setor de atenção primária à saúde no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República.
Bolsonaro ainda rebateu críticas da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o decreto, dizendo que ela já defendeu algo semelhante. O presidente fez referência a uma fala de Dilma durante a campanha de 2010, em que a então candidata defendeu parcerias com a iniciativa privada para melhorar a saúde. Bolsonaro, no entanto, disse que ela já era presidente na ocasão.
"É exatamente o que foi proposto agora. Ela propôs lá trás, não teve sucesso, para variar nada dava certo no governo dela, mas exatamente o mesmo decreto , mudança em uma palavra ou outra, apresentamos, e ela critica", afirmou.
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Críticas a Doria por vacina
Durante a transmissão, Bolsonaro também criticou a proposta do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que a vacina contra o coronavírus seja obrigatória. Ele também disse que o governo federal não vai pagar pela vacina que está sendo produzida pela empresa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo.
A declaração foi dada após Bolsonaro mencionar que Doria elevou impostos no estado, se referindo ao projeto de ajuste fiscal que elimina isenções fiscais no ICMS paulista. Segundo o presidente, a decisão do governador faz com que consumidores associem a alta de preços ao governo federal .
"Então, querido governador de São Paulo , você sabe que sou apaixonado por você, sabe disso. Poxa, fica difícil, né? E outra coisa: ninguém vai tomar tua vacina na marra, não, tá ok? Procura outra. E eu, que sou governo, não vai comprar sua vacina também não. Procura outro pra pagar sua vacina ", disse Bolsonaro, durante a transmissão.
Antes, o presidente já havia questionado a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que participou da transmissão, se ela concordava com a obrigatoriedade do imunizante . A ministra disse que a aplicação deveria ser opcional.
Na semanda passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello , anunciou a assinatura de um protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina da Sinovac. O acordo, contudo, foi desfeito no dia seguinte por Bolsonaro .