A pandemia fez aumentar como nunca a parcela de jovens que são chamados de 'nem-nem': não estudam nem trabalham. A população na faixa etária de 20 a 24 anos nessa situação subiu de 28,6% no último trimestre de 2019 para 35,2% no segundo trimestre deste ano, o maior patamar já visto e o maior avanço já registrado, especialmente em um intervalo de apenas seis meses.
Na faixa entre 25 e 29 anos, a população de nem-nem subiu de 25,5% para 33%, conforme informou nesta quarta-feira (21) o colunista do jornal O GLOBO Ancelmo Gois. O economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, que fez o levantamento, alerta que a situação dos jovens é preocupante porque junta-se a crescente desigualdade educacional com a dificuldade dos recém-formados de se inserir no mercado de trabalho.
Entrevistado pelo GLOBO , o publicitário Paulo Ilarindo, de 27 anos, faz parte da estatística. Ele procura emprego desde que se formou, há dez meses, e diz que chega a enviar cerca de 30 currículos por dia para vagas na área de administração e promoção de vendas, mas que até agora não conseguiu ser chamado para qualquer entrevista.
"Esse ano já não tenho mais esperança de encontrar uma vaga fixa. Quem sabe no período de extras para o Natal, eu consiga um emprego temporário. Mas uma oportunidade mesmo só vai vir quando a economia estiver mais estável. Ficou muito mais difícil buscar emprego na pandemia, já que muitas empresas só aceitam currículo on-line", conta ao GLOBO o publicitário, que mora com os pais em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio.
O mercado de trabalho 'expulsou' os jovens com a crise, levando a parcela de nem-nem, aqueles que não estudam nem trabalham, a chegar a níveis recordes. Apesar da parcela de estudantes não ter diminuído, o emprego desabou: a proporção de jovens de 25 a 29 anos empregados caiu de 70,5% para 60,9% entre o último trimestre do ano passado e o segundo deste ano.