Contra o racismo: grupo Boticário não usará mais o termo 'Black Friday'

Agora, a empresa passará a usar "Beauty Week" em respeito aos movimentos que se sentem desconfortáveis com termo original

CEO anuncia que Boticário não usará mais o termo 'Black Friday'
Foto: Reprodução/Facebook O Boticário
CEO anuncia que Boticário não usará mais o termo 'Black Friday'


O CEO do Grupo Boticário, Artur Grynbaum , informou nesta terça-feira que a empresa não usará mais a expressão "Black Friday" em suas campanhas. Segundo Grynbaum, a decisão ocorre pela ausência de dados científicos que comprovem que a expressão não se relaciona à questão da escravatura.


"A dois meses da 'Black Friday', um dos períodos mais relevantes do ano para o varejo e a data mais importante para o comércio eletrônico em todo o mundo, nos deparamos com um incômodo recorrente: há anos conversamos sobre a possível origem do termo 'Black Friday', sobre a ausência de dados científicos que comprovem que ele realmente não se relaciona à questão da escravatura . Então, respeitando os movimentos que sentem desconforto com o termo , decidimos parar de refletir e começar a agir – não teremos mais o termo Black Friday no Grupo Boticário. Precisamos de algo maior, e essa transformação deve começar por nós. Esse movimento emergiu nas equipes do Grupo Boticário, a discussão ganhou força, e esse é o resultado", escreveu Grynbaum no LinkedIn.

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O CEO destaca que há riscos de perdas para o negócio, mas defende que "melhor que esperar a perfeição, é construir juntos aquilo em que acreditamos". O Grupo Boticário deve usar o termo " Beauty Week " para identificar a temporada de descontos.

Não há nenhuma evidência de que a tradição da temporada de descontos deriva do tráfico de escravos. No ano passado, a equipe do Fato ou Fake publicou uma checagem desmentindo um boato sobre o tema.

O primeiro registro do uso do termo nos EUA data de 24 de setembro de 1869, seis anos depois da abolição da escravidão no país. Outra origem para o nome do movimento comercial data de 1951 e é uma ironia dos patrões sobre as várias ausências de empregados na sexta-feira seguinte ao feriado de Ação de Graças.

Nos anos 1960, na Filadélfia, o termo também se popularizou entre policiais, que reclamavam do trânsito e do alto fluxo de motoristas e pedestres nas ruas para fazer compras, o que tradicionalmente ocorria na sexta e no sábado seguintes ao feriado. No Brasil, a Black Friday ocorre desde 2010.