Nota de R$ 200, de cor cinza e detalhes em sépia, é representada pelo lobo-guará
Raphael Ribeiro/Banco Central do Brasil
Nota de R$ 200, de cor cinza e detalhes em sépia, é representada pelo lobo-guará

O Banco Central (BC) lançou, na quarta-feira (2), a nova cédula de R$ 200 , que tem como cores predominantes cinza e sépia e é do mesmo tamanho que a nota de R$ 20. Mesmo sem ter muitos exemplares circulando ainda, a existência dela já pede ao comércio algumas adaptações.

Gabriel Nunes, dono do Café Flamengo, por exemplo, já avalia o quanto precisará deixar no caixa do negócio para trocos com a nota de R$ 200 em circulação.

"Todo dia de noite, a gente recolhia parte do faturamento. Na manhã seguinte, tinha R$ 400 no caixa, para dar troco e eventualmente pagar algum fornecedor, como o de gelo. Agora, vamos ter que pensar em ter mais dinheiro disponível no caixa, que é uma quantia que não podemos usar e fica mais exposta", diz o comerciante.

O cafézinho do dia é pago em dinheiro por 20% dos clientes, segundo Gabriel. E a possibilidade de chegarem notas de R$ 200 no negócio pode trazer outro problema, segundo ele: engarrafamento na fila.

"É uma situação delicada, pois a gente não quer gerar uma embolação na hora do pagamento, quando a pessoa está indo embora. Também não quer enchê-la de moedas. Mas talvez a gente tenha que dar R$ 180 de troco de uma vez. Será uma preocupação também saber se a nota entregue pelo cliente é verdadeira ou não. Temos aqui a caneta que verifica isso, mas na correria, é algo que nem sempre a gente consegue usar. O receio existe, ainda mais por ser uma nota nova ", avalia.

Os empreendedores que vendem produtos baratos são os mais apreensivos com a novidade.

"Para dar troco fica horrível. Nem sempre vamos ter e, com isso, podemos perder venda", analisa Tatiana Cristina, dona da Taty Make Moda Fitness, que monta uma barraca no bairro do Andaraí, na Zona Norte do Rio, e atende clientes por delivery em bairros próximos.

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Seus produtos custam a partir de R$ 3, e isso contribui para que 70% das vendas feitas por ela sejam pagas em dinheiro, mesmo aceitando cartão. Na Cardoso Brownie, em Mesquita, Baixada Fluminense, os doces partem de R$ 10, e o problema se repete.

"Trabalho com delivery e iFood e, às vezes, o cliente não quer pagar pelos aplicativos. Então, pede troco para R$ 50 ou R$ 100. Agora, vamos ter que nos preparar para o possível pagamento com a nota de R$ 200, que vai levar todo o dinheiro trocado do caixa. Imagina uma compra de R$ 30 sendo paga com uma nota de R$ 200", diz Mônica Cardoso, acrescentando: "teremos que enviar essa quantia alta, que vai ficar circulando num envelope no bolso de um motoboy pela cidade".

Conforme o tíquete médio dos clientes aumenta, a preocupação dos donos de negócios diminui. No posto de gasolina Palácio Guanabara, os clientes gastam, em média, R$ 70 a cada ida ao estabelecimento. E apenas 10% dos pagamentos são feitos em dinheiro.

"A nota de R$ 200 não nos preocupa muito, pois os abastecimentos, em sua grande maioria, são pagos com cartão ou pelo aplicativo. Ainda vejo uma vantagem, que é a redução do volume de dinheiro na pista, pois ao recebermos duas notas de R$ 200, já jogaremos no cofre e, assim, reduziremos o volume em mãos", conta Ederson Carvalho, encarregado de pista.

Na Sissi Chic, loja de roupas em Copacabana, os gastos dos clientes ficam em torno de R$ 75. Apenas de 5% a 8% são pagos em dinheiro.

"As pessoas compram muito no cartão. Então, essa questão de troco não me preocupa", pontua Vania Nascimento, dona da loja.

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