O presidente Jair Bolsonaro, alçado ao poder em parte pela promessa de um governo liberal na economia
, que promoveria corte de gastos, ajuste fiscal e venderia empresas estatais, em radical programa de privatizações, hoje 'trava' a venda de um seleto grupo de empresas públicas, composto justamente pelas maiores estatais brasileiras, dentre elas Petrobras, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.
De acordo com dados oficiais do ano passado compilados em levantamento do jornal O GLOBO , as empresas estatais brasileiras somam R$ 711,4 bilhões em patrimônio líquido. Desse total, 83% está dividido entre as maiores empresas públicas que fazem parte da lista de veto de Bolsonaro - além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sobram para possíveis vendas 17%, R$ 118,2 bilhões.
Diogo Mac Cord, novo secretário de Desestatização, indicado para substituir Salim Mattar, um dos secretários de Paulo Guedes que se demitiu na 'debandada' da semana passada , não deve ter tarefa fácil para vender empresas públicas ou mesmo parte delas. Mattar teria pedido demissão justamente por conta do ritmo lento das privatizações .
Ao todo, entre empresas diretamente controladas pela União, subsidiárias , coligadas (empresas controladas por estatais ou subsidiárias) e outras companhias, Mattar vê um total de 614 bens públicos que podem ser privatizados. Segundo ele, concluiu 84 vendas no governo, apesar de não ter conseguido vender nem uma empresa-mãe, a estatal clássica, e ainda viu o governo criar, em novembro de 2019, uma nova estatal, a NAV Brasil, que é responsável pelo controle do espaço aéreo brasileiro.
Hoje, as empresas estatais empregam 476 mil brasileiros, e a troca de cargos nas companhias por benefícios políticos incomoda o governo e defensores das privatizações. Atualmente, estão em estudo as vendas de 15 estatais, incluindo os Correios e a Eletrobras. Guedes promete, até o fim de 2020, "três ou quatro" grandes privatizações , mas não detalha quais são as empresas na mira.