Firmas de investimento estão buscando um acordo que permita ao aplicativo chinês TikTok permanecer nos Estados Unidos e manter seus negócios, mesmo com o banimento decretado pelo presidente Donald Trump na semana passada.
Segundo o Wall Street Journal , várias companhias do setor, ligadas à ByteDance, dona do app TikTok , e ao Twitter, que estaria explorando a possibilidade de um acordo com a chinesa, estão empenhadas na missão, que também envolve a Microsoft. Uma delas é a gigante de capital de risco Sequoia Capital, cuja afiliada na China investiu pela primeira vez na Bytedance em 2014.
O jornal diz ainda que, hoje, os fundos da Sequoia detêm mais de 10% na dona do TikTok - uma participação de mais de US$ 10 bilhões. Com esse valor, o investimento estaria entre os negócios de capital de risco mais bem-sucedidos de todos os tempos.
Doug Leone, sócio-gerente global da Sequoia, tem feito contatos no governo Trump, incluindo com o secretário do Tesouro Steven Mnuchin e o assessor sênior da Casa Branca Jared Kushner, para criar uma solução que permitiria à TikTok continuar operando nos Estados Unidos, segundo fontes a par das conversas.
Mas não é só a Sequoia que tem interesse na continuidade da operação do aplicativo nos EUA. Outros investidores são o gigante japonês SoftBank, que tem em alta conta a ByteDance por seu crescimento constante, e até pensaria em adquiri-la, segundo fontes próximas ao banco; e a firma americana de private equity General Atlantic.
O lobby da Sequoia com o governo Trump em favor do aplicativo com o governo se acelerou no mês passado depois que o secretário de Estado Mike Pompeo disse que os EUA poderiam proibir aplicativos de mídia social chineses.
Leone disse a associados que entraria em contato com Mnuchin e Kushner para ver o que seria necessário para salvar o TikTok. O diretor executivo da General Atlantic, William Ford, também fez lobby pela empresa, disse uma pessoa a par de seus esforços.
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Investidores estimam o valor de mercado da ByteDance (que ainda não abriu capital em Bolsa) em mais de US$ 100 bilhões, e segundo o WSJ alguns deles já chegaram a preparar anteriormente uma oferta que avaliou o TikTok em mais de US$ 30 bilhões, de acordo com uma pessoa informada sobre a oferta.
Microsoft corre contra o tempo
Enquanto isso, a Microsoft, que tenta chegar a um acordo para comprar as operações globais da ByteDance, pode enfrentar um complexo desafio técnico para desmembrar o app do sistema da ByteDance.
A ByteDance começou a trabalhar na separação tecnológica do TikTok há vários meses, em meio ao escrutínio do governo dos EUA, disse à Reuters uma fonte familiarizada com o processo.
Ela começou a planejar uma divisão também como parte de uma estratégia para transferir seu poder da China.
Embora o código de programação do aplicativo, que determina a aparência do TikTok, tenha sido separado de sua versão chinesa, o Douyin, o código do servidor ainda é parcialmente compartilhado entre outros produtos ByteDance, disse a fonte.
Para garantir o serviço do TikTok sem interrupções, a Microsoft provavelmente precisaria confiar no código da ByteDance enquanto o analisa e transfere para uma nova infraestrutura, de acordo com o especialista em segurança cibernética Ryan Speers, da River Loop Security.
Só que qualquer dependência técnica ou operacional da empresa chinesa após a venda pode ser inaceitável para o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês), disse Aimen Mir, ex-secretário adjunto do Tesouro responsável pelo CFIUS.
Dado o prazo exíguo de 45 dias dado por Trump para o banimento total do TikTok nos EUA, a Microsoft pode ter problemas, pois a transferência de operações é complexa e poderia levar meses, segundo analistas.