Um meme e um tuíte têm rolado na internet, mostrando o quão difícil seria ser rico como Jeff Bezos, o dono da Amazon. O meme diz que se um homem da pré-história trabalhasse por 4,4 milhões de anos ganhando um salário de US$ 3 mil por mês, mesmo assim seria mais pobre que Bezos. Já o tuíte afirma que se alguém imortal trabalhasse desde a época do Egito antigo até os dias atuais, recebendo por dia US$ 10 mil, também estaria abaixo dos cinco maiores bilionários do mundo.
Jeff Bezos, empresário norte-americano, tinha uma fortuna de aproximadamente US$ 181,2 bilhões em ações no mês de julho deste ano. O iG checou essas contas com um especialista para entender se são precisas.
O especialista em investimentos e coordenador de pós-graduação da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Marcelo Cambria, fez as contas. No meme que mostra a situação hipotética
em que uma pessoa trabalhe por 4,4 milhões de anos recebendo por mês US$ 3 mil, o valor total adquirido seria de aproximadamente US$ 158 bilhões
– e não de US$ 21 bilhões, como diz a imagem. "De qualquer forma, a pessoa seria mais pobre que o Jeff Bezos", comenta o professor.
No segundo cenário absurdo, sugerido em um tuíte, uma pessoa imortal que trabalhasse desde a época do Egito antigo até hoje ainda estaria abaixo financeiramente dos homens mais ricos do mundo. Para esse cálculo, o professor considerou o ano de 2611 antes de Cristo como a data inicial das contas. Recebendo US$ 10 mil por dia, o valor ganho até 2020 seria de US$ 16,9 bilhões.
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Essa quantia equivale a 9,3% da fortuna de Jeff Bezos, de US$ 181,2 bilhões em ações. Ou seja, seria menos de um décimo do que Bezos tem.
Convertendo para o Real, a quantia que Bezos possui, aproximadamente, seria de R$ 972 bilhões. "Com esse valor, seria possível comprar 24 milhões de carros populares – imaginando que cada veículo custe R$ 40 mil – e comprar três Petrobras", diz o especialista.
Mas essa comparação em bens está no campo da imaginação. Isso porque se Bezos hipoteticamente tirasse o valor bilionário das ações e colocasse em uma conta corrente – movimento chamado tecnicamente de "conversão em liquidez" – criaria uma queda em suas ações.
Além disso, Marcelo Cambria ressalta que as contas propostas no meme e no tuíte são imprecisas. Seria preciso considerar taxas de indexação ao longo do tempo: como inflação, correções monetárias e juros. "Não faz sentido desconsiderar a inflação e a taxa de juros. E esses bilionários não têm esses valores em contas – estão em ações, participações em empresas", explica o professor.
Por fim, a economia que conhecemos hoje não existia na pré-história e nem no Egito antigo. "Precisaríamos considerar esse dinheiro ao longo do tempo. Por isso as contas são absurdas", conclui Cambria.