Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu que reduzir encargos trabalhistas pode gerar até 20 milhões de empregos em três anos
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Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu que reduzir encargos trabalhistas pode gerar até 20 milhões de empregos em três anos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a representantes do setor de serviços que a redução de encargos trabalhistas pode gerar até 20 milhões de empregos em três anos. Segundo Guedes, o governo voltará a discutir medidas para diminuir a incidência de impostos sobre salários.

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"Nós temos que ter coragem de lançar um sistema onde há muitos mais empregos, mas com muito menos encargos trabalhistas , com menos interferência de sindicatos, com menos legislação trabalhista. Nós vamos correr esse risco, vamos avançar nessa direção. Nós podemos gerar 10, 15, 20 milhões de empregos nos próximos um, dois, três anos", disse o ministro.

A declaração foi feita durante um encontro fechado de Guedes com o setor. O GLOBO obteve o áudio da reunião. Na mesma ocasião, o ministro falou sobre o auxílio emergencial e disse que o benefício pode ser retirado gradativamente.

A empresários e especialistas, o ministro afirmou que o governo terá que "entrar em campo" daqui a 20 ou 30 dias para enfrentar a "segunda onda" da crise do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Após os efeitos sobre a saúde, a equipe de Guedes teme agora o impacto sobre a economia.

"Daqui a 20, 30 dias, nós vamos começar a disparar as nossas ondas de investimento e nossas ondas de medidas de apoio à produção", afirmou o ministro.

A desoneração da folha de pagamento é um desejo de Guedes desde o início do governo. Uma das opções em análise pela equipe econômica é compensar a perda de receita com a criação de um imposto sobre transações financeiras. A comparação do tributo à extinta CPMF , no entanto, dificultou o avanço no debate no ano passado.

O ministro lembrou que essa opção é defendida por parte dos empresários.

"Vamos falar de encargos trabalhistas, de carteira verde amarela e da possibilidade de empregar pessoas sem incidência de impostos sobre a mão de obra. Vamos ter que lançar isso agora. Isso eu sei que é um pleito do comércio há muito tempo. Todo mundo chegou a dizer que preferia um imposto sobre transações, aquele imposto de 0,38%, preferia aquilo do que a incidência de impostos sobre mão de obra", afirmou Guedes.

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Em outro trecho, no entanto, sinalizou que poderia reduzir impostos e absorver o impacto fiscal — ou seja, não fazer nenhuma compensação:

"(Entre) aumentar gasto público e reduzir imposto, eu prefiro reduzir imposto e criar emprego no setor privado, que é o que vamos fazer. Se eu tiver R$ 100 bilhões para gastar, ao invés de gastar com gasto público, eu prefiro reduzir imposto. Vai ser muito melhor para a economia brasileira", defendeu.

A reunião foi realizada com representantes de ao menos 25 entidades ligadas ao setor de serviços, que responde por cerca de 70% da economia brasileira.

Responsável por organizar a agenda, o deputado Laércio Oliveira (PP-SE), presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Serviços, afirmou que o objetivo foi debater medidas para garantir mais fôlego às empresas, tratar de questões tributárias e de geração de empregos.

"Muita coisa tem sido anunciada e muita coisa não tem sido efetivada. O acesso ao crédito não acontece. As coisas não estão acontecendo conforme anunciado", frisou o deputado.

Ele afirmou que Guedes foi sensível às demandas, considerando o tamanho dos setores representados. "Somente na reunião de hoje, tinham 15 milhões de empregos representados", completou Oliveira.

Caminhada ao STF

No encontro, que durou cerca de duas horas, Guedes disse que espera que a economia se recupere rapidamente, mas afirmou que o governo terá que "entrar em campo" para ajudar na retomada. Ele afirmou que a urgência para a retomada foi um dos motivos que motivaram a caminhada de representantes do setor produtivo ao Supremo Tribunal Federal ( STF ), há duas semanas, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro .

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"Essa foi uma das razões que acabamos fazendo a tal caminhada até o Supremo Tribunal, porque o presidente recebeu essa turma, que conversa sempre comigo. Um exemplo típico foi o do autoforno. Um dos empresários disse, que, perguntasse (antes): "Se você ligar o autoforno, quando começa a derramar aço?". E ele falava que em 30 a 40 dias o aço começava a sair. Dessa vez eles vieram para avisar que se ficar mais um ou dois meses fechados, quando você ligar o autoforno só sai aço daqui a um ano, porque aí realmente esfriou. Aí, você derrubou os sinais vitais da economia", afirmou o ministro.

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