Desafios para a retomada são os novos cuidados e organização de trabalhadores
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Desafios para a retomada são os novos cuidados e organização de trabalhadores

Após semanas de paralisação por causa da pandemia de coronavírus, as montadoras deram início à retomada da produção de veículos nos EUA nesta segunda-feira. General Motors (GM), Ford e Fiat Chrysler (FCA) anunciaram o retorno ao trabalho, de forma gradual e com medidas de proteção. Por aqui, a Fiat deu início ao retorno na semana passada.

GM e Volkswagen reabrem suas fábricas também nesta segunda-feira. A Ford planeja a reabertura das unidades em Camaçari e Taubaté para 1º de junho, “desde que a situação permita o retorno com segurança”.

Nos EUA, a Ford anunciou que 59 mil trabalhadores, cerca de 80% do total de funcionários, retornam nesta segunda-feira. Na GM, o contingente esperado neste primeiro dia após a paralisação é de 15 mil dos 48 mil trabalhadores em fábricas, com o retorno do restante ao longo das próximas semanas. Na Fiat, 16 mil funcionários, cerca de um terço do total, dão reinício à produção.

Mas o ambiente que os funcionários reencontram nas fábricas é bem diferente do que existia antes da paralisação. Na Ford, por exemplo, o intervalo entre os turnos será maior para que as instalações sejam higienizadas. Fábricas que funcionavam em três períodos, com produção ininterrupta, terão apenas dois turnos.

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Novas fábricas vão considerar distanciamento

As estações de trabalho foram afastadas, para que os funcionários mantenham distância de segurança para minimizar os riscos de contágio. Na entrada, todos precisam responder a um questionário e passam por checagem de temperatura. Cortinas de plástico separam os trabalhadores, que terão que vestir máscaras faciais e de respiração quando tiverem que se aproximar uns dos outros.

— Nós trabalhamos duro para imaginar um mundo com a Covid-19 numa fábrica — afirmou Jim Hackett, diretor executivo da Ford, em entrevista à CNN. — Tivemos muitas considerações, claro, sobre o distanciamento social. Nós tínhamos, por exemplo, duas pessoas dentro dos veículos ao longo da linha de montagem. Nós paramos com isso.

Para Jim Glynn, vice-presidente para segurança global da GM, as montadoras de veículos não estavam preparadas para enfrentar uma realidade como a apresentada pela pandemia de coronavírus. Para o futuro, o distanciamento físico deverá ser considerado nos projetos de novas fábricas.

— Porque nós podemos enfrentar outra pandemia em algum momento. Então, nós queremos definitivamente estarmos mais bem preparados — afirmou Glynn. — Então eu acho que isso vai fazer parte de como construímos nossas instalações.

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Retomada no Brasil

No Brasil, o retorno também está sendo gradual. Após amargar queda recorde de 99% na produção em abril, o pior desde a instalação da indústria automotiva no Brasil, as montadoras retomam as atividades para não repetir o cenário desolador do mês passado, quando foram produzidos apenas 1,8 mil carros.

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Na fábrica da GM em São Caetano do Sul o reinício nesta segunda-feira será apenas para o primeiro turno. Segundo a companhia, foi desenvolvido um “rígido protocolo de segurança com objetivo de manter o novo coronavírus fora das instalações, prevenir a propagação do vírus dentro da empresa e gerenciar de forma efetiva casos suspeitos ou confirmados”.

“Antes mesmo de pararmos nossa produção, uma equipe multifuncional começou a trabalhar neste novo protocolo de segurança. Ele é baseado nas orientações globais da GM e aprendizados que tivemos das nossas operações que já retomaram na China e na Coreia do Sul, e foi testado pelas equipes que estão nas fábricas consertando respiradores”, afirmou Luiz Peres, vice-presidente de manufatura da GM América do Sul, em comunicado.

As medidas protetivas incluem formulário de autodeclaração de saúde, medição de temperatura nas entradas da empresa, distanciamento social com adaptações até mesmo nos refeitórios e no transporte, higienização mais frequente, uso de máscaras de proteção facial, reforço da higiene pessoal e monitoramento de casos suspeitos, com protocolos de emergência e descontaminação.

As duas novas atividades iniciadas no complexo de São Caetano do Sul durante a paralisação, de conserto de respiradores e de produção de máscaras de proteção, serão mantidas. O foco na retomada será a produção do Novo Tracker, SUV lançado no início do período de quarentena.

A Fiat retomou a produção de automóveis nas suas unidades de Betim e Goiana na última segunda-feira, dia 11, após 48 dias de interrupção. Segundo a empresa, a prioridade na primeira etapa da retomada é o treinamento de todos os empregados às mudanças no layout das fábricas e dos processos de produção, que consideram novos padrões de segurança.

Novos bebedouros e mudanças nos banheiros

As estações de trabalho possuem distanciamento mínimo de um metro, com barreiras de separação como cortinas e placas de acrílico. Nos ônibus de transporte, os assentos duplos só podem ser ocupados por uma pessoa.

Nos banheiros e vestiários, pias, cabines e mictórios foram interditados para garantir o distanciamento entre as pessoas. Até mesmo os bebedouros tiveram que ser substituídos por modelos com torneira.

“Não poupamos esforços e recursos para proporcionar um ambiente seguro e ao mesmo tempo acolhedor para os colegas que estão liderando este momento fundamental da retomada”, afirmou o presidente da FCA para América Latina, Antonio Filosa, em comunicado.

“As nossas pessoas são o patrimônio mais valioso que temos na FCA, portanto seguiremos absolutamente vigilantes para garantir que a produção seja restabelecida dentro das melhores e mais rigorosas condições de segurança e saúde possíveis”.

A Volkswagen reabriu sua fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, também nesta segunda-feira, tendo a saúde e a segurança dos empregados como "prioridade absoluta". As fábricas de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, em São Paulo, retomam as operações no fim do mês.

A retomada é gradual, começando pela linha de produção do SUV T-Cross em dois turnos em ritmo mais lento, com respeito a novas medidas de higiene e segurança. Segundo a companhia, as unidades brasileiras estão seguindo experiências adotadas na China e na Alemanha, em conformidade com protocolos internacionais e determinações do governo.

"O retorno é um sinal importante para nós, para nossa rede de concessionárias, fornecedores e a economia em geral", afirmou Pablo Di Si, presidente da montadora para a América Latina. "No contexto pandemia, porém, este é apenas o primeiro passo. É necessário um momento adiante para estimular a demanda do mercado interno e países nos quais exportamos nossos veículos e, assim, adequar os volumes de produção diante da demanda".

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