Cartão de crédito
MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Cartão de crédito

O Conselho Monetário Nacional ( CMN ) autorizou  na última quinta-feira que fintechs de crédito passem a emitir cartões de crédito.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO elogiaram a medida por possibilitar o aumento da concorrência do setor, mas ressaltam que ela pode não ser efetiva para o momento de crise.

O Banco Central ( BC ) argumentou que as fintechs têm a capacidade de atingir mais pessoas, com mais capilaridade, e podem atender “segmentos com reduzido histórico de crédito no país”, como micro e pequenos empresários.

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Facilitando o acesso ao crédito, o BC espera que a medida possa contribuir para reduzir os efeitos da pandemia de coronavírus na economia brasileira.

Segundo o economista e especialista em bancos da Austin Rating, Luis Santacreu, a medida representa uma continuidade da agenda do Banco Central de estimular a entrada de fintechs no sistema financeiro.

- O Banco Central quer que as fintechs continuem funcionando, e ao mesmo tempo quer que elas venham a participar da questão da liquidez do sistema, de você fazer o crédito chegar a pequenas e médias empresas e pessoas físicas - disse.

Santacreu ressalta que em um momento de crise, os bancos podem restringir o acesso ao crédito e o BC tenta facilitar o fluxo de crédito por meio de medidas como essa. No entanto, ele afirma que outras ações são necessárias para evitar que os recursos fiquem presos nos bancos.

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- O BC agiu bem para inserir as fintechs nesse contexto, de modo que elas não diminuam muito a atividade delas, mas provavelmente medidas adicionais terão que vir para que o crédito seja irrigado no sistema econômico.

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O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, disse que essa autorização era pedida há muito tempo e pode ajudar na concorrência do sistema.

Apesar disso, dado o cenário de crise, Ribeiro não acredita que as instituições financeiras estarão dispostas em disponibilizar mais crédito.

- É uma medida importante, mas neste momento não vai surtir efeito porque os bancos estão muito seletivos e restritivos no crédito, preocupados com a inadimplência que vai crescer por conta de um desemprego maior, em um país que vai ter uma retração econômica este ano.

O economista ressalta que, ao dar crédito, o banco faz uma análise de quanto o possível tomador recebe, se está empregado e neste momento a instituição tende a evitar o risco.

- Por mais que o BC diga que esse é momento, não acredito que os bancos vão de forma geral dar crédito para novos clientes com incerteza de não receber - disse.

Essa resolução afeta somente as fintechs classificadas como Sociedade de Crédito Direto (SCD), que usam de recursos próprios para fazer as operações.

BNDES

A resolução do Banco Central também permite que as fintechs classificadas como SCD possam financiar as operações por meio de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o BC, a nova regra também procura utilizar a capilaridade das fintechs para torná-las “um importante canal de realização de políticas públicas”.

A regulação das fintechs de crédito é de 2018 e as divide em duas classificações, as SCD, que realizam operações de crédito a partir de capital próprio e as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), que atuam como um intermediário entre quem quer financiar e quem quer tomar empréstimo.

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