O governo britânico anunciou um novo pacote multibilionário para tentar conter os efeitos nefastos — e ainda imprevisíveis — que a pandemia do coronavírus que varre a Europa terá sobre a economia do país. Serão 20 bilhões de libras (quase R$ 122 bilhões) injetados em pequenas e médias empresas, a partir da suspensão de impostos por um ano e garantias governamentais para o pagamento de aluguéis , salários e outras despesas.
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Outros 330
bilhões
de
libras
( aproximadamente R$ 2 trilhões) serão concedidos em empréstimos, muitos deles a juros zero pelos primeiros seis meses para todas as companhias do país. Trata-se de 15% do Produto
Interno Bruto
( PIB
) britânico
, ou a soma de todas as riquezas produzidas pelo Reino Unido
em um ano. Como o francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson,
falou em estratégia de guerra.
"É um governo em tempos de guerra. Vamos apoiar a economia do país 'custe o que custar'", afirmou Johnson , destacando o que ficou patente ser o novo mantra deste governo depois da entrevista à imprensa de ontem.
A expressão foi usada seis vezes pelo ministro da Economia , Rich Sunak , que já avisou que novos recursos poderão ser liberados nos próximos dias e antecipou que o governo está em tratarias com companhias aéreas e aeroportos para anunciar um pacote de ajuda ao setor.
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Companhias aéreas no Reino Unido já anunciaram reduções importantes do número de voos e a manutenção de aeronaves no solo. A British Airways foi a primeira a falar em cortes de postos de trabalho. Estima-se até agora em US$ 113 bilhões os prejuízos das companhias aéreas pelo mundo.
Pacote de 30 bilhões de libras
Há menos de uma semana, o governo já havia anunciado um pacote de 30 bilhões de libras (pouco mais de R$ 182 bilhões) para conter os efeitos da crise provocada pela disseminação do coronavírus . Deste total, quase R$ 73 bilhões serão destinados ao NHS , como é chamado o sistema nacional de saúde gratuita britânico que inspirou o SUS brasileiro . Esses recursos se somaram ao novo orçamento para o ano previsto pelo governo Johnson , que já era considerado expansionista.
Na verdade, antes mesmo de a pandemia que começou na China assombrar a Europa , o Reino Unido já vinha trabalhando com estímulos para economia . Isso porque o país deverá ter perdas significativas causadas pelo Brexit . O divórcio da União passou a valer a partir de 1 de fevereiro deste ano. Mas desde outubro de 2019, quando país estava à beira de sair da união sem um acordo, empresas já operavam em compasso de espera. Muitas mudaram suas sedes para países no continente. Assim, garantiam seu pé dentro da UE .
As exportações de manufaturados britânicos tiveram a sua pior queda dos últimos três anos. Uma das explicações para isso está no fato de os consumidores europeus começarem a evitar os produtos dos vizinhos desde fevereiro. em uma semana, a libra perdeu 6,5% em relação dólar e 3,62%.
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Tudo isso pode estar por trás da resistência do governo de, como outros países europeus, puxar o freio de mão da economia
e determinar o fechamento de escolas e do comércio em geral. Seria a tentativa de garantir o suspiro adicional à economia antes de uma apnea forçada à qual os outros países do continente já estão submetidos.
Em reunião por vídeo nesta segunda-feira, Mário Centeno , presidente do Eurogrupo — que reúne informalmente os ministros das Finanças dos Estados-Membros da UE que estão na zona do euro — afirmou que o surto de Covid-19 tem sobre a economia o mesmo impacto de "tempos de guerra”. Ele salientou, contudo, que a Europa recorrerá a todas as suas armas para travar uma batalha que antecipa "longa".