O governo de Donald Trump publicou uma nota nesta segunda-feira (10) em que retira o Brasil e outras 18 nações da lista de países consideradas em desenvolvimento. Estar na lista significava ao país ter determinados benefícios comerciais.
Com a norma do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, países como Brasil, Argentina, África do Sul, Índia e Colômbia deixam de ter um tratamento preferencial em negociações. Alguns dos privilégios que essas nações tinham eram prazos maiores para negociar e vantagens tarifárias.
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Em nota, o governo dos EUA afirma que a decisão leva em conta "fatores econômicos, comerciais e outros, como o nível de desenvolvimento de um país e a participação de um país no comércio mundial." Além disso, o departamento de Comércio ressaltou que a decisão foi motivada por pedidos de adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em encontro com Trump em Washington, em março de 2019, o presidente Jair Bolsonaro pediu apoio à entrada do Brasil na OCDE, abrindo mão do tratamento preferencial na Organização Mundial do Comércio (OMC).
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Os Estados Unidos informaram também que, para baixar a norma que muda os status dos países, não consideraram indicadores de desenvolvimento social, como analfabetismo, expectativa de vida ao nascer e taxas de mortalidade infantil.
Reação de Bolsonaro
Na manhã desta terça, o presidente Jair Bolsonaro voltou a elogiar Donald Trump, o mandatário dos Estados Unidos, um dia depois de o governo americano retirar o Brasil da lista de países considerados menos desenvolvidos.
Questionado sobre a decisão de Trump, que atingiu mais de 20 países, entre os quais China, Índia e África do Sul, ele virou as costas e entrou no carro, ao sair do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro cumprimentava simpatizantes na entrada da residência oficial quando um apoiador se apresentou dizendo que mora nos Estados Unidos e estava acompanhado da mulher, que é americana.
- Trump, hein? - perguntou o presidente, fazendo sinal de positivo com o polegar.
Em seguida, Bolsonaro perguntou porque o líder americano é "tão criticado pela imprensa dos Estados Unidos".
- O cara diminuiu o desemprego, melhorou a economia, atendeu os latinos que já estão lá. Será que quando tem notícia boa a imprensa não vende? Será que é isso? - ironizou.
Na sequência, o presidente brasileiro foi indagado por um repórter se receberá o chanceler da Argentina, Felipe Solá, que visitará Brasília nesta quarta-feira, e ele disse não saber:
- Não sei. Mas se ele chegar, havendo oportunidade, recebo sim - comentou.
No meio da pergunta seguinte, sobre a medida do governo dos Estados Unidos, ele encerrou abruptamente a entrevista. Nos últimos dias, Bolsonaro têm evitado falar com jornalistas, após reclamações de que suas falas são 'tiradas do contextos'.