Na semana que realiza sua assembleia para tentar chegar a um acordo com os credores em seu plano de recuperação judicial - em que constam dívidas de quase R$ 100 bilhões dos quais R$ 55 bilhões estão sendo reestruturados - a Odebrecht anunciou a troca de seu presidente.
Ruy Sampaio , que atualmente ocupa o cargo de presidente do Conselho de Administração da odebrecht S.A., será o novo presidente da empresa. Ele substitui Luciano Guidolin , que será membro do Conselho de Administração de empresas operacionais e controladas do grupo. A mudança foi anunciada aos funcionários numa carta interna assinada pelo patriarca da construtora, Emilio Odebrecht, mandatário da Kieppe, controladora do grupo.
A movimentação está sendo vista pelo mercado como uma forma de reduzir a influência de Marcelo Odebrecht, filho de Emilio e ex-presidente da empresa. Ruy Sampaio é homem de confiança de Emilio, que entendeu que Guidolin vinha sendo influenciado por Marcelo, que conseguiu progressão para o regime semi-aberto em setembro passado.
Marcelo ficou dois anos e meio preso na carceragem da Política Federal em Curitiba, mas foi colocado em prisão domiciliar em dezembro de 2017, passando a usar tornozeleira eletrônica. Desde setembro, quando obteve a progressão ao semi-aberto, passou a visitar a empresa. Marcelo trava um briga com o pai e outros familiares porque sentiu-se injustiçado depois dos acordos de delação fechados por Emílio e outros executivos com o Ministério Público Federal no âmbito das investigações da Lava Jato. Para Marcelo, seu pai e os aliados foram beneficiados nas negociações com o MPF.
No comunicado divulgado por Emilio, ele afirma que as negociações com os credores avançam 'construtivamente'. Diz que com a esperada aprovação do plano e homologação pela Justiça, será concluído um 'ciclo fundamental para a sobrevivência do Grupo Odebrecht.
No último dia 10 de dezembro, a Odebrecht apresentou aos credores durante assembleia, em São Paulo, uma nova versão de seu plano de recuperação judicial. Diferente da primeira versão, considerada 'rudimentar' por especialistas, já que não continha prazos e valores de pagamento, a nova versão traz alguns valores e prazos de carência para o início do pagamento das dívidas aos credores. Na troca de dívida por títulos da empresa (bonds ou debêntures), os prazos de pagamento podem chegar a até 50 anos, considerado por advogados um dos maiores prazos já pedidos em recuperações judiciais de grandes empresas.