Após anúncio de demissão em unidade, funcionários entram em greve
Divulgação/ Ford
Após anúncio de demissão em unidade, funcionários entram em greve

SÃO PAULO — Os 270 trabalhadores do Campo de Provas da Ford , localizado em Tatuí, interior de São Paulo , entraram em greve na última segunda-feira por conta de demissões anunciadas na unidade sem oferta de pacote de benefícios por parte da empresa.

A Ford Motors anunciou neste ano uma reestruturação em suas unidades, que deve resultar em 7 mil demissões no mundo. A montadora já divulgou que vai deixar o mercado de caminhões na América do Sul, fechando a unidade de caminhões de São Bernardo do campo, no ABC paulista.

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 De acordo com Ronaldo da Mota, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Tatuí, os funcionários entraram em greve porque a empresa não está oferecendo nenhum pacote de benefícios ou um PDV (pedidos de demissão voluntária), a quem está sendo desligado, como aconteceu em São Bernardo do Campo. Ele diz que os funcionários também teriam direito a esses benefícios já que a intenção da montadora é "reestruturar o Campo de Provas", transformando-o em uma unidade fornecedora de serviços terceirizada para outras montadoras, mas sem a marca Ford.

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"Isso contraria o compromisso que a Ford assumiu com o governador João Doria em manter os empregos nas outras unidades. Também contraria a política da empresa de oferecer benefícios ou um PDV como aconteceu em São Bernardo do Campo e outras unidades fechadas na Argentina e na França", disse Maia.

Na quinta-feira, houve uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, de Campinas, mas não houve acordo. A paralisação será julgada pela Justiça nesta sexta-feira.

Fábrica no ABC paulista
A Ford já demitiu 750 funcionários que trabalhavam na linha de montagem do Fiesta, em São Bernardo do Campo, e outros 1,2 mil podem perder o emprego se a linha de montagem de caminhões for desativada em novembro. O  Grupo Caoa manifestou interesse na fábrica, mas ainda está fazendo diligências na unidade e só deve decidir sobre a compra em até 45 dias. Em São Bernardo do Campo , os empregados demitidos terão até dois salários extras por ano trabalhado, além de apoio psicológico e requalificação profissional.

"Nós estamos dispostos a conversar, mesmo se a montadora informar que vai reestruturar o campo de provas. O que não pode é demitir os trabalhadores sem nenhum tipo de benefício", afirmou Mota.

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O sindicalista disse que a empresa informou que não há recursos para oferecer o pacote de benefícios. Em mensagem enviada aos empregados, a Ford informou que "desde 2013 a Ford América do Sul enfrenta um cenário desafiador e com resultados negativos. As ações que estão sendo tomadas visam a adequação do negócio às demandas atuais têm como objetivo manter foco na sustentabilidade e competitividade do campo de provas”.

A montadora informa que a reestruturação na unidade implica na redução de 12 empregados, e que a comunicação foi feita ao sindicato. Na nota, a Ford informa aos empregados que respeita o direito de manifestação, mas vai descontar dos salários os dias parados porque considera a paralisação ilegal.  A montadora diz que vai pagar as verbas legais aos demitidos.

"Além do desconto dos dias parados, a Ford tomará as medidas administrativas e judiciais necessárias à preservação de seus direitos. Contamos com a atitude consciente dos empregados no entendimento do cenário atual e da necessidade de transformação do Campo de Provas", diz o comunicado da montadora.

Outro lado
Procurada pelo GLOBO para confirmar as informações do sindicato, a montadora informou através de nota que “confirma que fará uma readequação em seu quadro de funcionários do Campo de Provas de Tatuí como parte do amplo processo de reestruturação organizacional feito pela montadora nos últimos meses”.

No início deste ano, a Ford Moto r divulgou um plano de corte de milhares de empregos, incluindo regiões como a América do Norte, Europa, China e América do Sul. Até o segundo semestre deste ano, em resposta à pressão resultante de mudanças tecnológicas e sinais de saturação da demanda global por automóveis. Com as demissões, a Ford vai economizar cerca de US$ 600 milhões por ano, disse o presidente da montadora americana, Jim Hackett, em memorando enviado aos funcionários.

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