Alvo da 64ª fase da Operação Lava Jato na última sexta-feira (23), o banco BTG Pactual amargou uma queda de nada menos que 16% no valor de suas ações e passou a protagonizar uma série de rumores quanto à possibilidade de falência do negócio.
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O revés se deu por conta da ação de busca e apreensão
por parte da Polícia Federal na residência do banqueiro André Esteves, simultaneamente à residência da ex-presidente da Petrobras Graça Foster em investigação por corrupção ativa e passiva, organização criminosa, bem como lavagem de capitais.
O movimento foi o primeiro motivado pela delação do ex-ministro Antônio Pallocci e diz respeito à venda de ativos da estatal para o banco, numa transação que resultou em prejuízo de US$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
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Ainda durante a operação, sócios e ex-sócios da instituição bancária foram surpreendidos por informações que davam conta da possibilidade de multa de R$ 30 bilhões
ao BTG Pactual, bem como de possível pedido de falência por parte da instituição financeira.
O banco, por meio da assessoria de imprensa, nega as informações e alega que não tem problemas no campo dos negócios. Apenas no primeiro semestre de 2019, o BTG Pactual fechou o semestre de 2019 com lucro superior a R$ 1,6 bilhão, um crescimento acima de 30% em relação ao ano anterior.
Apesar da queda no valor de mercado, até o momento em 16%, os ativos totais da empresa somavam R$ 174,3 bilhões até junho deste ano.
Na história, a referência de multas aplicadas oferece dimensão de como as supostas punições estariam distantes da realidade. No caso do desastre de Mariana (MG), a Vale gastou um total de R$ 6 bilhões em compensações pelo rompimento da barragem que comprometeu o rio Doce.
Já o episódio recente de Brumadinho (MG), com 270 mortos ou desaparecidos, resultou em multa ambiental de R$ 250 milhões e multa trabalhista de R$ 1,6 bilhão – 18 vezes inferior ao rumor de suposta multa que seria aplicada ao banco.
Fontes ouvidas pelo Brasil Econômico acreditam que as informações sejam motivadas por resistências internas ao retorno do banqueiro André Esteves ao grupo controlador da empresa, em dezembro de 2018.
Ele foi preso em 2015 acusado de tentar comprar o silêncio de uma testemunha envolvida num esquema de suborno, mas acabou absolvido em julho do ano passado e obteve sinal verde para retornar a seus poderes decisórios na chamada G7 Holding.
Ele ocupou o lugar deixado vago pelo ex-sócio da BTG Marcelo Kalim , que, junto a antigos parceiros do BTG, criou a startup C6Bank.