A partir do ano que vem, o brasileiro poderá escolher uma nova forma de usar os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Até agora, o trabalhador só tinha acesso a essa poupança compulsória em casos de demissão sem justa causa, aposentadoria ou em situações específicas, como doença grave e compra de imóvel.
Planos para o FGTS? Calculadora informa valor do saque de acordo com aniversário
Na semana passada, o governo anunciou a criação do saque-aniversário, que permitirá, uma vez por ano, o saque do FGTS de parte do valor depositado no Fundo pelos empregadores. Essa opção, no entanto, impede o saque total em caso de demissão.
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Analistas financeiros ouvidos pelo GLOBO dizem que é preciso pesar muito bem fatores como a existência de poupança ou dívida e a estabilidade no emprego antes de decidir.
"Eu estou empregado? Estou me sentido “estável”? Tenho recursos para viver por dois anos em caso de demissão? Se você deu resposta positiva a todas elas, pode sacar. Do contrário, melhor deixar os recursos no fundo", sugere Ana Leoni, superintendente de Educação da Anbima, que reúne instituições financeiras.
Veja algumas situações e o que levar em conta na decisão:
Quem não tem reserva financeira
No caso de um trabalhador que tem saldo no FGTS, mas não construiu uma reserva financeira além dele, o indicado é que tente organizar o orçamento mensal e separe parte do salário para constituir esse patrimônio.
Os especialistas destacam que a rentabilidade do FGTS tende a aumentar por causa da mudança na distribuição dos lucros, fazendo com que o Fundo possa render mais que a caderneta de poupança .
Dessa forma, o saque anual seria recomendado caso o dinheiro fosse aplicado em investimentos com maior potencial de rendimento. E, para a reserva feita a partir do salário, o indicado é investir em renda fixa, como títulos públicos, que garantem segurança e possibilidade de saque rápido.
Quem está com as contas no vermelho
É preciso avaliar numericamente as dívidas e o FGTS. Se o recuso a ser sacado na data de aniversário for suficiente para quitar de 90% a 100% das dívidas, é recomendado fazer a retirada e, com apertos no orçamento, diminuir gastos para pagar o restante.
"Caso o dinheiro do FGTS não seja capaz de quitar até 90% das dívidas, e a pessoa não consiga diminuir os gastos para pagar os débitos restantes, o saque anual pode não ser uma boa alternativa", diz Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
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Ana Leoni, da Ambima, porém, defende que todo endividado pode fazer o saque do FGTS para quitar sua dívida ou, ao menos, diminuí-la: "É sempre bom ter uma dívida menor".