Cidade a mais demitir em 2019, Rio de Janeiro tem 97% das dispensas no comércio Por João Cesar Diaz — Brasil Econômico | 01/06/2019 07:05:22 - Atualizada às 05/07/2019 11:26:22 Home iG › Economia Entre janeiro e abril, a capital perdeu 6,6 mil postos de trabalho, pior saldo do país, e viu comércio encolher com cerca de 10 mil lojas fechando Foto: Jana Pêssoa/Setas Demissões frequentes foram registrados no comércio e na indústria de transformação no Rio de Janeiro Campeã em demissões no ano de 2019, a cidade do Rio de Janeiro perdeu, até abril, 6.667 postos de trabalho. Desse total, 97% das demissões (6,5 mil) foram no comércio, segundo dados divulgados pelo cadastro geral de empregados e desempregados (Caged). Em torno de 10 mil lojas fecharam as portas neste ano, segundo o presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio de janeiro e do Sindicato de Lojistas do Rio de Janeiro, Aldo Gonçalves. Ele reforça que a cidade é um “ponto fora da curva”. Segundo ele, a “desordem urbana, mendigos e camelôs” somados às crises financeira e política do Estado do Rio de Janeiro são as causas do declínio no setor. “Basta dar uma caminhada pela cidade para ver o número de lojas com portas fechadas. A loja fecha e uns oito, 10 funcionários perdem o emprego”, afirma. A capital fluminense seguiu a alta de empregos registrada em todo o país no mês de abril, fechando o período com saldo positivo de pouco mais de mil vagas, a maior parte na área de serviços. No entanto, no acumulado do ano, o total é o mais negativo do Brasil, sendo puxado para baixo pelas demissões que atingem também a indústria de transformação. “É o ciclo vicioso: crise, violência, desemprego, competição com camelôs… aí as lojas não se aguentam e fecham as portas”, reitera Andréa Mury, da assessoria do Sindicatos de Lojistas do Rio de Janeiro. Leia também: Câmara do Rio aprova continuidade do processo de impeachment de Crivella Impactos da Reforma Trabalhista Para Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, as demissões em massa nas lojas e supermercados cariocas foram facilitadas pela Reforma Trabalhista , aprovada no final de 2017. Com as mudanças nas leis, “os empresários se sentiram livres para demitirem como quisessem”, opina, lembrando que “antes dela, as empresas tinham que lidar com o sindicato quando decidiam demitir seus funcionários”. As novas regras também puseram fim à obrigatoriedade das homologações junto com o (extinto) Ministério do Trabalho ou sindicatos. "Com isso, perdemos o controle sobre o número de demissões", explica Ayer. A ausência da homologação também abre espaço para rescisões de contrato mal calculadas e prejuízos ao trabalhador, segundo avaliação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ( Dieese ). Demissões antes do reajuste salarial Segundo os sindicalistas cariocas, normalmente há uma estagnação nas demissões no mês de abril e isso se deve à data-base do reajuste salarial, fixada em maio. O motivo seria puramente matemático. Se o patrão demite seu funcionário sem justa causa com menos de 30 dias antes da correção salarial da categoria (1º de maio para lojistas e dia 12 para funcionários de supermercados), o trabalhador deve receber uma indenização no valor de seu salário mensal. Os números fornecidos pelo Caged dão força à teoria, defendida pelo Sindicato de Lojistas do Rio de Janeiro . Analisando o saldo entre contratações e demissões, desde janeiro, é evidente que a maioria das demissões é feita antes do prazo estipulado pela lei para a indenização. Link deste artigo: https://economia.ig.com.br/2019-06-01/cidade-a-mais-demitir-em-2019-rio-de-janeiro-tem-97-das-despensas-no-comercio.html