O Brasil precisa exportar mais produtos de valor agregado para a China, e não ser apenas uma 'loja' de matérias-primas para o país asiático, defendeu nesta terça-feira (21), em Pequim, o vice-presidente Hamilton Mourão.
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Embora o País tenha superávit nas trocas com seu maior parceiro comercial, o vice-presidente quer que essa vantagem em relação a China seja não apenas quantitativa, mas “qualitativa”. "Temos uma relação fantástica. Mas, do lado brasileiro, desejamos pôr valor agregado nas coisas que exportamos para a China. Somos um grande exportador de commodities, mas temos que ser mais que isso. Este é um passo decisivo nesta relação que temos. O Brasil não pode ser somente um entreposto, uma loja em que a China vai e compra alguns artigos. Não pode ser somente isso", avaliou o vice-presidente em entrevista ao canal estatal chinês CGTN .
O general enfatizou a necessidade de promover a inovação para que o Brasil amplie suas exportações para a China além das matérias-primas. "Há que haver uma relação em que as coisas que vêm do Brasil têm o mesmo valor das coisas que vêm da China para o Brasil. Que se ponha conhecimento. Estamos numa era de conhecimento. A grande economia do século 21 é a economia do conhecimento. Então esse é o passo adiante que temos que dar nessa relação, e a Cosban tem um papel que creio será decisivo", avaliou.
Após entrevista à TV chinesa, Mourão falou com jornalistas brasileiros, e disse que este reequilíbrio na relação bilateral é um dos temas que serão discutidos na reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação (Cosban), principal mecanismo permanente de diálogo entre os dois países, cuja reunião ocorrerá nesta quinta-feira (23), também em Pequim.
Segundo o vice-presidente , o Brasil poderá se beneficiar com a guerra comercial entre China e EUA, ganhando mais espaço no mercado chinês. "Por exemplo, a gente exporta soja pura. Vem com taxação zero. Agora, se a gente exportar óleo de soja, vai botar uma taxa lá em cima. Então é isso que a gente tem que negociar e mudar", ponderou. "Isso tudo é uma conta de aproximação. No momento em que eles sofrem uma pressão dos Estados Unidos, também podem abrir alguma coisa para a gente", complementou.
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Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, o comércio bilateral chegou a US$ 98,9 bilhões, sendo US$ 64,2 bilhões em exportações e US$ 34,7 bilhões em importações. A grande maioria das exportações brasileiras se resume a matérias-primas, como soja, minério de ferro e combustíveis, enquanto o país asiático, dono da segunda maior economia do mundo, vende ao Brasil principalmente produtos manufaturados.