O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atribuiu a queda da atividade econômica e das expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 às incertezas sobre a aprovação das reformas apresentadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), em especial a reforma da Previdência. Ele participa, nesta quinta-feira (16), de audiência pública conjunta de sete comissões no Congresso Nacional.
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"A gente acha que a recuperação da atividade econômica foi parcialmente interrompida. As eleições acabaram sendo mais polarizadas. Quem tem dinheiro, espera. O investidor esperou, esperou e está esperando o momento [de investir]", declarou o presidente do BC .
Campos Neto afirmou também que "Não há um país com inflação baixa, juros baixos, e o fiscal desarrumado. O mercado está no processo de esperar as reformas, não só as fiscais [como a da Previdência ], mas todas, como a tributária por exemplo, que gerem um ambiente melhor", declarou.
Nesta quarta-feira (15), foi divulgado o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma espécie de prévia do PIB , que teve queda de 0,68% no primeiro trimestre deste ano . Os números oficiais serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística serão divulgados em 30 de maio, mas a prévia reforça o pessimismo em relação ao crescimento econômico.
Também nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o País está "no fundo do poço" , reforçando que está nas mãos do Congresso tirar o Brasil dessa situação, em alusão à reforma da Previdência, principal projeto do governo, que tramita na comissão especial da Câmara, etapa que analisa o mérito da proposta.
Campos Neto participa de uma audiência pública que engloba a Comissão Mista de Orçamento (CMO) e as comissões de Finanças e Tributação; de Fiscalização Financeira e Controle; e de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara; juntamente com as comissões de Assuntos Econômicos; de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado.
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Aproveitando o espaço, defendeu ainda a autonomia da instituição que preside. "Acreditamos ainda que um BC autônomo, como estabelece projeto de lei atualmente em discussão nesse parlamento, proporcionaria uma redução de incertezas econômicas e dos prêmios de risco [retorno adicional cobrado por investidores para aceitar correr maior grau de risco], o que nos levaria a uma melhor condição de consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços que o país tanto precisa", defendeu Campos Neto.