Bolsonaro diz que China autorizou importação de gordura de porco do Brasil

Medida ajudará a 'preencher lacuna' deixada pela peste suína naquele país, acrescentou o presidente em seu Twitter

Bolsonaro afirmou em suas redes sociais que a China autorizou importação de gordura de porco do Brasil
Foto: Divulgação/Governo Federal
Bolsonaro afirmou em suas redes sociais que a China autorizou importação de gordura de porco do Brasil

Depois de comemorar abertura do mercado argentino ao abacate brasileiro na sexta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou às redes sociais na manhã deste domingo (5). Desta vez, o presidente informou, em seu perfil no Twitter, que para suprir uma lacuna de demanda deixada pela peste suína, o governo da China autorizou exportadores de carne de porco do Brasil a embarcar também a gordura comestível do animal. A medida, segundo Bolsonaro, atende a um pedido feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com o surto de peste suína africana (ASF) atacando os rebanhos chineses, o Brasil quer ampliar o fornecimento de carnes para a China , que é a maior produtora e consumidora da proteína suína no mundo. No ano passado, o governo chinês ordenou que a maior produtora de carne suína do mundo, o WH Group, fechasse um grande matadouro enquanto as autoridades tentavam conter a disseminação da peste suína africana.

Em outro tuíte, Bolsonaro acrescentou que, segundo a entidade, o subproduto tem valor de mercado superior ao das carnes tradicionais. Até o fim de 2019, a China pode ter um déficit de oferta de 1 milhão a 2 milhões de toneladas no processamento de suínos. "Podemos avançar muito neste setor", concluiu o presidente.

A partir desta segunda-feira (6), a ministra da Agriculturam Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina (DEM), inicia viagem de 16 dias por quatro países da Ásia: Japão, China, Vietnã e Indonésia. Na sexta-feira, ela disse que pretende ampliar a presença de produtos brasileiros no continente asiático.

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No mês passado, a ministra esteve reunida, em São Paulo, com o presidente da ABPA, Francisco Turra. Participaram também do encontro, na sede da entidade, o secretário de defesa agropecuária do Ministério, José Guilherme Tollstadius Leal, a superintendente federal de agricultura em São Paulo, Andrea Moura, os presidentes dos Conselhos Diretivo da ABPA, Leomar Somensi, e Consultivo, José Carlos Zanchetta, o diretor-executivo, Ricardo Santin, além de presidentes e diretores das agroindústrias associadas e membros do ministério.

Ao longo do encontro, foram elencadas demandas prioritárias do setor produtivo como a abertura de novos mercados, viabilização de oportunidades em diversos destinos de exportação de aves, suínos e ovos, questões de crédito para o setor, entre outros pontos.

De acordo com o Ministério, durante a visita, Tereza Cristina vai discutir com as autoridades japonesas a abertura de mercado para material genético, abacate, estabilizantes, extrato de carne e carnes bovinas. Na China, alguns dos debates serão sobre exportação de produtos de organismos geneticamente modificados, suco de laranja, novas tecnologias, melão, status sanitário de produtos brasileiros e possibilidade de habilitação de frigoríficos e empresas de lácteos.

Na visita, a ministra participará do Encontro de Ministros da Agricultura do G20, que ocorrerá em Niigata (Japão), no sábdo, dia 11. Com isso, terá reuniões com autoridades de outros países, além da Ásia. Com o vice-ministro da Agricultura da Rússia, por exemplo, Tereza Cristina pretende tratar de soja, pescado, farinhas e trigo. No Vietnã e na Indonésia, a ideia é abrir para a venda de bovinos vivos, farinha e melão.

“Olho no olho, conversa franca, com o intuito de abrir novos mercados, novos segmentos para nossa agropecuária”, disse a ministra, em entrevista à imprensa nesta sexta-feira, na sede do ministério.

Foco na China

Foto: Arquivo/Agência Brasil
A ministra da Agriculturam Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina (DEM), viajará a quatro países da Ásia

No caso da China, a ministra destacou que o objetivo é mostrar às autoridades chinesas que o Brasil tem condições de ser um grande fornecedor e dispõe de serviços sanitários de credibilidade. Estima-se que o país asiático perdeu cerca de 30% de rebanho de suínos em decorrência da doença.

“É uma boa oportunidade para o Brasil se colocar, já temos grandes rebanhos de aves, bovinos e suínos. Temos espaços para colocar nossas proteínas à disposição do governo chinês, mas para isso temos de ter estratégia, conversa”, destacou.

O Brasil tem 79 plantas de frigoríficos com possibilidade de serem habilitadas para exportar para a China. Em visita no ano passado, técnicos chineses vistoriaram 11 frigoríficos. Desses, um foi reprovado e dez tiveram de fornecer informações adicionais. Agora, os chineses solicitaram ao Brasil a lista dos estabelecimentos autorizados a vender para a União Europeia, que totalizam 33.

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Além dessa lista, a comitiva brasileira levará dados sobre estabelecimentos inspecionados, mas que não são habilitados para a União Europeia; lista de produtores de suínos habilitados para outros mercados exigentes como Estados Unidos e Japão e produtores de bovinos, aves e asininos habilitados para outros mercados exigentes com exceção da União Europeia.

De acordo com o Mapa , outro tema da pauta é o impacto para o Brasil de um possível acordo entre Estados Unidos e China, que prevê redução de tarifas para os norte-americanos e poderá alavancar em US$ 30 bilhões as exportações para os chineses, incluindo soja e carnes.

“Queremos medir a temperatura do problema interno que estão tendo [peste suína] e o protocolo com os Estados Unidos”, ressaltou a ministra.

Cerca de 100 empresários, parlamentares e representantes de associações produtoras irão integrar a comitiva para a China e os outros países. O ministério informa que os custos da viagem serão arcados por cada integrante.