Sigilo da Previdência só será quebrado após comissão especial, diz Marinho

Segundo Rogério Marinho, os dados serão apresentados "sem necessidade de imposição judicial", já que governo deseja uma discussão "transparente"

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Rogério Marinho disse que pressão dos parlamentares não fará com que dados da Previdência sejam apresentados antes da comissão especial


O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, descartou, nesta terça-feira (23), a possibilidade de quebrar o sigilo do estudo sobre a reforma da Previdência antecipadamente. Segundo ele, o governo federal pretende apresentar os dados apenas durante a próxima etapada da tramitação da proposta, que é a comissão especial.

Marinho disse, ainda, que a pressão dos parlamentares pela apresentação desses documentos antes da votação da nova Previdência na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), marcada para acontecer hoje , é um "movimento procrastinatório".  "Porque a oposição que tem esse tipo de comportamento é a mesma que durante o período em que foi governo escondeu os dados. Estamos dizendo há dois meses, e vamos honrar nossa palavra, que queremos uma discussão transparente. Vamos apresentar os dados sem necessidade que haja imposição por parte judicial", afirmou em entrevista à rádio CBN .

O secretário ressaltou que outros projetos de reforma da Previdência feitos anteriormente não tiveram seus dados divulgados. "Vamos disponibilizar a totalidade dos dados a partir da comissão de mérito, na Comissão Especial. Isso não foi feito em projetos anteriores. Não foi feito em 2003, nem em 2017, nem 2015. Temos todo o interesse de mostrar os dados, inclusive de forma desagregados, para que a sociedade tenha conhecimento, inclusive de qual impacto terá se houver alguma concessão."

No domingo (21), uma reportagem da Folha de S. Paulo mostrou que o governo restringiu o acesso aos estudos sobre o impacto da nova Previdência , o que gerou comentários negativos de diversas figuras políticas , como a ex-candidata à vice-presidente, Manuela D'àvila (PCdoB), o também ex-candidato Ciro Gomes (PDT) e até mesmo de parlamentares do partido do governo, como Janaina Paschoal (PSL).

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) , e o líder do PSL no Senado Federal, Major Olímpio , também comentaram o sigilo, antecipando que o mesmo seria quebrado até a data da comissão especial.

Marinho  negou a "acusação" de sigilo e disse que, na verdade, os estudos estão sob “restrição temporária”, recomendada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. "Não decretamos sigilo. São documentos preparatórios que embasaram a entrega do projeto ao Congresso Nacional. Há um parecer da PGFN colocando restrição de acesso momentâneo", explicou.

Ele voltou a afirmar que as mudanças que estão sendo negociadas já nesta etapa de tramitação não devem ter impacto fiscal. Ele disse que “lamenta” a retirada da regra que prevê o fim da multa de 40% para aposentados que continuam a trabalhar. Na visão da equipe econômica, essa parte do texto — que deve cair na CCJ — aumentaria a empregabilidade de aposentados.

Além disso, Marinho também defendeu pontos polêmicos da nova Previdência , como as mudanças no benefício a idosos carentes (BPC) e na aposentadoria rural, que devem ser os mais discutidos na Comissão Especial. O secretário disse que pretende continuar o trabalho com as bancadas dos partidos para tentar convencer os parlamentares do ponto de vista de governo, mas admitiu que a decisão do Congresso Nacional é que valerá. Como a reforma é uma proposta de emenda à Constituição (PEC), não cabe ao Executivo sancionar ou vetar pontos do texto.