O mercado financeiro respondeu, nesta sexta-feira (22), aos acontecimentos da política brasileira na última semana. No mesmo dia em que desavenças puseram em cheque a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e um dia depois da prisão do ex-presidente Michel Temer , o dólar e a Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, sofreram mudanças bruscas.
Enquanto a Bolsa registrou o seu pior dia desde 6 de fevereiro, terminando a tarde em queda de 3,1%, o dólar subiu 2,64% e atingiu R$ 3,90, o maior valor para a moeda desde o início deste ano.
Dólar
A moeda norte-americana atingiu sua maior cotação do ano nesta sexta-feira (22). Vendida a R$ 3,9011, esse é o valor mais alto registrado desde 26 de dezembro do ano passado, quando encerrou o dia a R$ 3,9205.
Além disso, a alta de 2,64% também representa a maior subida diária do dólar desde 18 de maio de 2017, época em que áudios revelaram conversas do empresário Joesley Batista, da JBS, com o então presidente Michel Temer, em que ambos supostamente combinavamm entrega de propina .
Bolsa de Valores
Já o principal indicador da Bolsa de Valores paulista, a B3, também teve um dia movimentado, fechando em forte queda. Com recuo de 3,10%, a 93.735,15 pontos, ela registra, hoje, o menor patamar de encerramento desde o dia 11 de janeiro, quando atingiu 93.658 pontos.
Apenas nessa semana, a queda acumulada é de 5,45%.
Alta no dólar e queda na Bolsa foram impulsionados por contexto político brasileiro
Os altos números para a moeda e grande baixa da Bolsa acontecem em meio a uma semana de incertezas dentro da política brasileira, que fizeram com que o mercado financeiro percebesse uma piora de cenário.
Na quinta-feira (21), o ex-presidente Michel Temer foi preso pela força-tarefa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. De acordo com a investigação, ele é o "líder de uma organização criminosa" e que se valeu de duas décadas atuando em cargos públicos para "transformar os mais diversos braços do Estado brasileiro em uma máquina de arrecadação de propinas".
A detenção do ex-presidente teve mandado assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e tem relação com irregularidades em contratos para a construção da usina nuclear de Angra 3. Segundo as investigações, o esquema criminoso envolvia pagamentos (alguns desviados, outros efetuados, e mais outros prometidos) que superam R$ 1, 8 bilhão.
No mesmo dia, a defesa de Temer entrou com um pedido de habeas corpus, que ainda não foi concedido e será analisado pelo plenário do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) na próxima quarta-feira (27) .
Além da prisão do ex-presidente, desavenças políticas influenciaram nos resutlados do mercado financeiro. Também na quinta-feira (21), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçou deixar a articulação política para aprovação da reforma da Previdência .
Ele teria ligado para o ministro da Economia, Paulo Guedes, depois de ler uma publicação na rede social do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) a seu respeito. Na postagem em questão, Carlos Bolsonaro comentou o embate entre Maia e o ministro da Justiça, Sergio Moro. Os dois divergem em relação a votação do pacote anticrime apresentado pelo ministro e Carlos se posicionou ao lado de Moro, criticando a decisão do deputado de priorizar a Previdência em detrimento do pacote.
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Desde então, Maia vem demonstrando irritação com a maneira como o governo está lidando com a tramitação da reforma da Previdência. Ele também parece descontente com a ofensiva contra ele nas redes sociais, principalmente depois das desavenças com Sergio Moro sobre o pacote anticrime.