Analistas de instituições financeiras consultados pelo Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC), projetam crescimento abaixo do esperado para a economia brasileira em 2019. As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram de 2,50% para 2,48%.
Leia também: Economia brasileira cresceu 1,15% em 2018, aponta prévia do PIB
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País e é utilizado para medir o crescimento da economia em seus diversos setores em determinado período de tempo. A desaceleração do indicador pode revelar que o otimismo do mercado com o governo tenha diminuído, embora a redução de 0,02 ponto percentual não pareça expressiva. Em contrapartida, a previsão de crescimento para o ano que vem subiu de 2,50% para 2,58%.
A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que é a inflação oficial do País, não sofreu alteração, e segue projetada em 3,87% para este ano. Caso o resultado seja obtido, a meta inflacionária estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,25%, será cumprida. Resultados entre 2,75% e 5,75% estão no intervalo de tolerância, que é de 1,5 ponto percentual.
Taxa Selic, instrumento do BC para controlar a inflação
Para atingir a meta, uma das formas de controle do BC é alterar a taxa básica de juros da economia, a Selic , que segue em sua mínima histórica, de 6,5% , e assim deve permanecer até o final deste ano, segundo as projeções do Focus. Para o final de 2020, no entanto, a estimativa para a taxa é de 8%, valor que se repete em 2021 e 2022.
A Selic serve como referência para os demais juros da economia e funciona como a taxa média cobrada nas negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
A manutenção da Selic, como prevê o mercado financeiro para este ano, indica que o Copom considera as alterações anteriores nos juros básicos suficientes para que a meta de inflação seja atingida. Em caso de redução dos juros básicos, a tendência é que haja diminuição dos custos do crédito e incentivo à produção e ao consumo. O aumento da taxa básica, que deve acontecer no ano que vem segundo as expectativas do mercado, representa o objetivo de conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços, tendo em vista que os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Além do PIB e da Selic, o documento traz outras estimativas
Semanalmente, o Focus apresenta as projeções do mercado financeiro para a economia brasileira, mas sem deixar de acompanhar o cenário internacional. Tendo em vista esse olhar global, outras avaliações são feitas, como a cotação do dólar, o saldo da balança comercial e a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil.
O dólar opera em alta nesta segunda-feira (18), sobretudo por conta da crise do governo que envolve o filho do presidente, Carlos Bolsonaro (PSL), e Gustavo Bebbiano, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, que deverá deixar o cargo. A moeda norte-americana era cotada a R$ 3,7401 por volta de 12h40. Segundo as expectativas do mercado, a cotação deve terminar o ano em R$ 3,70.
A balança comercial, que apresenta o resultado total das exportações menos as importações, teve seu resultado estimado para o ano reduzido, passando de US$ 51 bilhões para US$ 50,5 bilhões. Para 2020, a expectativa não foi alterada, e é de US$ 48 bilhões.
A previsão de entrada de investimentos estrangeiros diretamente no Brasil também caiu para este ano, passando de US$ 80 bilhões para US$ 79,5 bilhões, enquanto a expectativa para o ano que vem saltou de US$ 82,44 bilhões para US$ 82,52 bilhões.
As quedas de olho no exterior, representadas nas expectativas para a balança comercial e a entrada de investimentos estrangeiros, ajuda a explicar a redução de expectativa para o PIB em 2019. Com menos investimentos diretos e exportações, a tendência é que o câmbio possa ser afetado a médio prazo, assim como o crescimento da economia.