Na primeira reunião de 2019, Banco Central mantém Selic em 6,5% ao ano

É a sétima vez consecutiva que o Copom decide não mexer na taxa básica de juros da economia; histórico, patamar é o menor já registrado desde 1986

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A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação oficial medida pelo IPCA, que fechou 2018 em 3,75%

Pela sétima vez seguida, o Banco Central (BC) decidiu não alterar os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 6,5% ao ano, na primeira reunião do órgão do ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.

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Com a decisão de hoje (6), a Selic continua no menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% em março de 2018.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2018, o indicador fechou em 3,75%, contra 2,95% em 2017. O índice de janeiro só será divulgado nesta sexta-feira (8).

Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de inflação de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

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Segundo Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), a decisão do Copom foi acertada. “A inflação continua abaixo da meta e o nível de atividade econômica ainda está lento. Esse cenário poderia justificar até mais uma redução da taxa básica de juros. Mas a manutenção revela uma cautela do BC, inclusive com a situação externa”, comentou Burti.

Inflação

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Segundo o último Relatório de Inflação divulgado pelo BC, o IPCA encerrará 2019 em 4% e continuará baixo até 2021

Segundo o Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo BC, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2019 em 4% e continuará baixo até 2021. De acordo com o Boletim Focus, pesquisa semanal feita com instituições financeiras e divulgada pelo Banco Central, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,94%.

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Depois de encerrar 2017 abaixo do piso da meta, a inflação subiu no ano passado. O índice foi afetado principalmente pela greve dos caminhoneiros , que durou 11 dias e provocou desabastecimento de alguns produtos no mercado, e pela alta do dólar no período. Mesmo assim, o IPCA voltou a registrar níveis baixos nos últimos meses de 2018, tendo fechado o ano abaixo de 4%.

Selic baixa, crédito alto

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A redução da Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo

A redução da Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. No último Relatório de Inflação, o BC projetava crescimento da economia de 2,4% para 2019. Os analistas financeiros ouvidos pelo Focus, por sua vez, preveem crescimento de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

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A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reduzi-la, o Copom enfraquece o controle da inflação. Para cortar a  Selic , a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

*Com informações da Agência Brasil