As montadoras instaladas em todo o Brasil receberam um "socorro" de aproximadamente US$ 15 bilhões (R$ 54 bilhões) de suas matrizes em todo o ano de 2018. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a ação foi para suporte das operações locais.
Leia também: GM terá 11 lançamentos no Brasil em 2019 e aposta nos elétricos
Do montante recebido pelas montadoras , US$ 10 bilhões vieram como empréstimos e o restante por meio de injeção de capital, dinheiro a fundo perdido usado não só para investimentos, mas também para pagar fornecedores e funcionários.
Ainda de acordo com o levantamento do jornal, o aporte é reflexo da situação financeira que o setor enfrenta, onde diz operar com prejuízos desde o início da crise. A General Motors
(GM) ameaça suspender os investimentos se não retomar o caminho dos lucros.
Leia também: GM negocia novo investimento de R$ 10 bilhões no Brasil
Ouvida pela reportagem, Letícia Costa, sócia da Prada Assessoria vê a entrada desses bilhões como uma "evidência de que as montadoras precisam de apoio de suas montadoras para as operações locais". Por outro lado, também mostra o interesse que as empresas globais continuam vendo no mercado brasileiro e que as filiais voltarão a ser rentáveis, apontou Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Por exemplo, em 2010 foram vendidos mais de 3,5 milhões de veículos e US$ 5,7 bilhões (R$ 20,5 bilhões) saíram do Brasil rumo às sedesi nternacionais. Em 2018, ano de retomada de vendas, mas de queda na exportação, as remessas de lucro foram de US$ 516 milhões (R$ 1,85 bilhão).
Do montante total recebido em 2018, a reportagem aponta que US$ 9,98 bilhões (R$ 36 bilhões) foram empréstimos intercompanhias, normalmente feitos a longo prazo e com juros
menores que os brasileiros. Outros US$ 4,5 bilhões (R$ 16,2 bilhões) chegaram como investimento direto.
“Esse movimento significa que as matrizes precisam mandar oxigênio para as filiais que estão morrendo afogadas”, diz em entrevista o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Goldfarb.
Leia também: Fiat confirma novo SUV nacional para 2021
As dificuldades são sentidas pela maioria das empresas. A GM afirma que perde dinheiro há três anos no Brasil. Apenas no ano passado, o prejuízo foi de R$ 1 bilhão (US$ 277 milhões), segundo fontes ouvidas pelo jornal.
A GM negocia um plano de corte de custos e diz que se conseguir ajustar suas contas fará um investimento de R$ 10 bilhões até 2024. A General Motors é um das montadoras que passam por uma reestruturação e fechará cinco fábricas nos EUA e Canadá e já encerrou operações na África do Sul, Austrália, Rússia, Venezuela e vendeu a unidade da Europa.