O presidente Jair Bolsonaro (PSL) precisa mostrar quem é o 'manda-chuva' e eliminar a "briga de egos" no governo. Esse é o remédio receitado pelo empresário Lírio Parisotto, um dos maiores investidores individuais da bolsa brasileira, para o sucesso da recém-iniciada gestão do capitão reformado.
Em entrevista à jornalista Maria Luíza Filgueiras, do jornal Valor Econômico , Lírio Parisotto cobrou maior coordenação entre os integrantes do governo, citando como exemplo negativo os desencontros de declarações acerca dos moldes da reforma da Previdência .
"O governo precisa se coordenar. Está uma briga de egos que não é legal. Um diz que a reforma é de um jeito, o presidente diz que não concorda. Precisa haver uma coordenação, sem cada qual emitir sua opinião", afirmou. " Bolsonaro precisa mostrar quem é o 'capo'", complementou, usando expressão que, em italiano, refere-se ao chefe, ao manda-chuva.
Esperançoso quanto à reforma da Previdência , o empresário citou como maior avanço recente a reforma trabalhista, aprovada durante o governo Michel Temer (MDB). "Todos que aprovaram perderam a eleição, mas às vezes arrumar um país custa isso. Aliás, esse é o maior problema", avaliou o empresário ao Valor .
A carteira de investimentos de Parisotto inclui ações da Vale, mineradora que viu seus papéis desvalorizarem em 24% imediatamente após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) – o que provocou ao menos 157 mortes, havendo ainda 182 desaparecidos.
"Foi uma tragédia. Não tem como comentar tragédia", disse o empresário ao ser questionado sobre o impacto do episódio para a mineradora. "A queda da ação da Vale me tirou 3% de resultado do fundo. Ironicamente e felizmente, no final dessa história, a empresa deve fazer o melhor resultado dela este ano, com a alta que teve o minério de ferro".
Parisotto, no entanto, minimizou o impacto que multas e o anúncio do descomissionamento de dez barragens em Minas Gerais (o que deve afetar em 10% a produção anual de minério de ferro da Vale) deve ter na empresa, devido à sua dimensão.
O fundo que reúne os investimentos do empresário (Geração Futuro LPar) tem hoje patrimônio de R$ 2,73 bilhões e acumula rendimento de 240,3% em três anos, conforme noticiado pelo Valor. A título de comparação, o Ibovespa rendeu 10,27% no período, enquanto o CDI produziu rendimento de 33,4%.
As declarações de Lírio Parisotto ao Valor Econômico foram dadas durante evento promovido pela XP Investimentos com o secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles, e investidores.