Desemprego encerra 2018 estável, mas ainda atinge 12,2 milhões de brasileiros

IBGE aponta taxa de desemprego de 11,6%, a mesma do mês imediatamente anterior, interrompendo sequência de oito quedas; a taxa de desocupação média foi de 12,3%, queda de 0,4 ponto percentual em relação a 2017

Desemprego atingia 12,2 milhões de brasileiros ao final de 2018, aponta IBGE
Foto: CNM/CUT
Desemprego atingia 12,2 milhões de brasileiros ao final de 2018, aponta IBGE

O desemprego encerrou o ano de 2018 estável, atingindo o mesmo número de 12,2 milhões de brasileiros do mês de novembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (31), por meio da Pesquisa por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Mensal de dezembro.

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A taxa de desemprego , de 11,6%, representa estabilidade frente ao trimestre móvel encerrado em novembro, e um recuo de 0,3 ponto percentual em relação ao 3º trimestre, quando a taxa era de 11,9%.

Cimar Azeredo, gerente da pesquisa, destaca que na comparação com o 3º trimestre houve redução de 297 mil pessoas desempregadas no Brasil. Entre os principais fatores, ele cita o fim da corrida eleitoral, a Black Friday e o Natal.

"A qualidade dos postos de trabalho gerados é ruim, já que a maioria foi de trabalho por conta própria”, avalia. "Além de não favorecer o mercado formal, esse aumento da ocupação também não deu conta de aumentar significativamente a massa de rendimento, que é o que vai colocar o mercado de trabalho num círculo virtuoso”, comentou Cimar.

A taxa de desemprego iniciou 2018 em 11,8%, subiu para 12,2% em janeiro e chegou a atingir 13,1% em março. A partir do segundo trimestre, no entanto, foram oito quedas consecutivas até novembro, chegando a atingir os 11,6% atuais. Em dezembro, a sequência foi interrompida com a manutenção desse mesmo valor.

No ano passado, a taxa média de desocupação entre os brasileiros foi de 12,3%, enquanto em 2017 atingia 12,7%. O País, no entanto, encerrou 2018 com somente 116 mil desempregados a menos na comparação com o último trimestre de 2017.

Segundo o relatório, a população ocupada cresceu 1%, com mais 894 mil pessoas em relação ao trimestre que encerrou o ano anterior à pesquisa, 2017. Ao todo, 93 milhões de brasileiros tinham ocupação ao final de 2018, o maior valor já registrado pela série histórica da pesquisa do IBGE .

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Informalidade puxa queda do desemprego em 2018

Foto: Aaron Favila/Agência Pública
Desemprego caiu ao passo que trabalho por conta própria e sem carteira assinada registraram altas expressivas

O número de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 3,8% no quarto e último trimestre de 2018 (427 mil pessoas a mais), na relação com o ano anterior. Outra alta foi registrada no número de trabalhadores por conta própria, que subiu 2,8% (mais 650 mil pessoas) no período de um ano. Em contrapartida, o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1% (324 mil pessoas a menos) na comparação anual.

A condição de ocupação dos trabalhadores brasileiros em dezembro de 2018:

  • 67,14% estavam empregados;
  • 35,47% tinham carteira assinada;
  • 12,41% não tinham carteira assinada;
  • 25,64% trabalhavam por conta própria;
  • 6,74% eram empregados domésticos;
  • 4,87% eram empregadores; e
  • 2,33% eram trabalhador familiar auxiliar.

Mesmo com a queda do desemprego, a subutilização segue elevada no País, representando, ao final de 2018, 23,9% da força de trabalho. De acordo com o Instituto, 27 milhões de brasileiros estavam subutilizados no trimestre encerrado em dezembro, o que indica 344 mil a menos em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano de 2017, porém, esse contingente cresceu 2,1% (mais 560 mil pessoas).

O grupo de subutilizados reúne desempregados, aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais (subocupados), desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por diversas razões, como questões familiares.

Desemprego cai e renda sobe? Não...

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Apesar da queda do desemprego, renda média do brasileiro ocupado não aumentou, segundo o IBGE

Segundo os dados da PNAD Contínua Mensal de dezembro, a renda do brasileiro segue estagnada. No último trimestre do ano passado, o rendimento médio recebido pelas pessoas consideradas ocupadas ficou em R$ 2.154, o que representa praticamente estabilidade nas comparações anual, mensal e trimestral.

Entre a média salarial anual de 2012 e 2017, houve aumento de 4,4%. A massa de rendimentos dos trabalhadores foi estimada em R$ 200.954 bilhões, revelando manutenção em relação ao contingente de 2017.

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A pesquisa revela que, apesar da queda geral do desemprego no ano passado, caíram as vagas com carteira assinada (324 mil pessoas a menos, ou 1%), aumentou o número de trabalhadores por conta própria (894 mil a mais, ou 1%) e 27 milhões de brasileiros ainda estão supocupados. O gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, acredita que a qualidade dos postos de trabalho gerados é ruim.