Inadimplência atinge 62 milhões de brasileiros, segundo levantamento do Banco Central
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Inadimplência atinge 62 milhões de brasileiros, segundo levantamento do Banco Central


A inadimplência comprometeu cerca de 3% do valor do crédito no Brasil e atingiu mais de 62 milhões de pessoas em setembro, de acordo com um levantamento realizado pelo Banco Central e divulgado nesta segunda-feira (12). Para fazer o relatório, a instituição financeira considera apenas as dividas que estão atrasadas há mais de 90 dias.

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Segundo os dados apresentados, a taxa de inadimplência ao crédito do sistema financeiro no Brasil chegou a 3,04% no período. O índice equivale a R$ 96,6 bilhões em pagamentos atrasados de um saldo total de R$ 3,168 trilhões.

Entre os endividados, mais da metade dos brasileiros (52%) que, atualmente, tem “nome sujo” no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), estão inadimplentes com bancos, operadoras de cartão de crédito e financeiras. De acordo com o birô de crédito, que atua como intermediador entre os credores e devedores, são 62,6 milhões de brasileiros negativados – aproximadamente um terço da população adulta (com mais de 20 anos) do País.

Considerando a taxa total de inadimplência no país, 46,27% das dívidas são com os bancos públicos, 41,28% com as instituições privadas de capital nacional e 12,45% dos pagamentos em atraso são referentes a instituições de capital estrangeiro.  

Monitoradas pelo Banco Central, as dívidas relativas a cartões, cheques e empréstimos tem maioria vinda do cartão de crédito, que é responsável por 20,8% do endividamento da população.  Sem segundo lugar estão os negativados por crédito pessoal, que são 13,5%. Depois, 12,9% são de crédito consignado; 11% de financiamento habitacional e 9,8% de aquisição de carros. O restante, cerca de 32%, é  formado por diferentes tipos de créditos e financiamentos.

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Crise no País ampliou as taxas de inadimplência

A crise econômica que atingiu o Brasil contribuiu para o aumento da inadimplência
Reprodução
A crise econômica que atingiu o Brasil contribuiu para o aumento da inadimplência


Entre 2014 e 2018, mais de dez milhões de brasileiros entraram no vermelho. Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, eram 51,8 milhões de endividados em 2014. “A inadimplência sempre cresce com o desemprego. Quando o país entrou em crise, a partir de 2014, nós tínhamos 51,8 milhões de CPF negativados. A crise, de 2014 pra cá, colocou mais 10 milhões na inadimplência”, afirmou.

Com o cenário de crise, cerca de 6,5 milhões de pessoas perderam o emprego entre os anos de 2014 e 2017. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), nesta época, a média anual da taxa de desocupação da população de 14 anos ou mais passou de 6,8% (o menor índice da história) para 12,7% - o último o mesmo de junho de 2018, quando a inadimplência atingiu nível recorde na Serasa.

Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, a retomada dos postos de trabalho vai ajudar no retorno do pagamento em dia e na quitação das dívidas, principalmente da classe mais baixa. “Quando o consumidor que tem a renda menor voltar para o mercado de trabalho, ele vai pagar a dívida, resolver esse problema”, explicou.

Histórico do endividamento

Considerando a taxa total de inadimplência no país, 46,27% das dívidas são com os bancos públicos
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Considerando a taxa total de inadimplência no país, 46,27% das dívidas são com os bancos públicos



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Apesar dos 62 milhões de brasileiros na inadimplência registrados em setembro de 2018, os dados do mês de agosto já não eram bons. No período, dados do BC mostraram que a proporção de endividamento das famílias brasileiras era de 41,93% da renda acumulada em 12 meses. O pico desse índice foi atingido em abril de 2015, quando as dívidas compunham 46,39% da renda acumulada pelas famílias em um ano.

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