Hiperinflação é fenômeno intenso, quando há espiral sem controle de aumento de preços e desvalorização da moeda
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Hiperinflação é fenômeno intenso, quando há espiral sem controle de aumento de preços e desvalorização da moeda

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, introduziu nesta segunda-feira (20) um pacote de medidas para tentar  conter a hiperinflação   do país - estimada em 1.000.000% neste ano, de acordo com Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre as medidas do governo venezuelano para conter a hiperinflação é o corte de cinco zeros da moeda, que passa a se chamar Bolívar Soberano. Mas, o que está acontecendo, de fato? 

Para entender o que é hiperinflação, é preciso primeiramente compreender o que é inflação . De forma bastante resumida, conforme definiu no século 20 o economista da escola de Chicago, Milton Friedman, a inflação acontece quando há excesso de dinheiro em circulação, porque isso gera aumento dos preços. 

Afinal, com mais moeda em circulação, as pessoas têm mais  dinheiro, maior poder de consumo e, por causa disso, os preços de produtos são elevados. Como diz a ‘lei da oferta e da procura’, quanto mais um bem estiver disponível dentro de um mercado, menor será seu valor; e o mesmo acontece com o dinheiro.

Já a hiperinflação se caracteriza como um fenômeno muito mais intenso do que o da inflação, uma vez que os preços estão em uma "espiral fora de controle", acompanhados da crescente desvalorização da moeda . No movimento desenfreado, o valor dos produtos sobe até mesmo pelo medo da inflação futura. Ou seja, é realmente 'monstruoso' o descontrole. 

Com esse cenário, consumidores precisam carregar quantias enormes de dinheiro para realizar compras simples do dia a dia. O Brasil viveu o fenômeno entre as décadas de 1980 e 1990, por exemplo, quando as pessoas precisavam 'sair correndo' até prateleiras do supermercado antes de o preço dos produtos subir mais uma vez no dia. 

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Por que a hiperflação é ruim para a economia?

Em busca de estabilidade e para dugir da hiperinflação, empresas têm negociado diferentes formas de pagamento
Divulgação/Palácio do Planalto
Em busca de estabilidade e para dugir da hiperinflação, empresas têm negociado diferentes formas de pagamento

Primeiramente, o fenômeno é negativo porque acaba com o poder de compra do consumidor e tende a se autoperpetuar à medida que a escassez aumenta ainda mais os preços.

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Para se ter uma ideia de como o dinheiro da Venezuela está desvalorizado , segundo a agência de notícias Deutsche Welle , uma xícara de café custa mais de dois milhões de bolívares, em um cenário onde a maior nota será de 500 bolívares (o que equivale a US$ 7 ou R$ 27).

Segundo uma reportagem da revista Times , os donos de restaurantes e supermercados da Venezuela nem colocam mais os preços para clientes consultarem devido às grandes variações de preços dos produtos.

Assim, tanto comerciantes quanto a população perdem a noção de quanto vale determinado produto, já que varia frequentemente.

Como o fenômeno anula a certeza de que um salário será o suficiente para garantir o sustento mensal, uma vez que preços mais altos corroem a renda, muitas empresas venezuelanas começaram a oferecer pacotes de remuneração, como conta o The Guardian .

Assim, muitos trabalhadores têm recebido bônus pagos em ovos e moedas estrangeiras que têm estabilidade.

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Como sair da hiperinflação?

Diminuição da impressão monetária é uma das formas de solucionar a hiperinflação
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Diminuição da impressão monetária é uma das formas de solucionar a hiperinflação

O Estado pode controlar os preços para ajudar a administrar a inflação, mas, em períodos de crise hiperflacionária, é muito comum a ascensão de mercados ilegais que oferecem produtos escassos, atrapalhando a intervenção do governo.

Retirar a moeda antiga e substituí-la por uma nova ou uma estrangeira também é um meio de conter o fenômeno, já que, assim, a estabilidade pode ser retomada e as pessoas saberão  quanto estão pagando por algo. Outra opção, porém polêmica, é a privatização de empresas estatais para que a União arrecade dinheiro.

Em última análise, para conter a hiperinflação , é preciso que o governo interfira na economia por meio de reformas econômicas e diminua a impressão de dinheiro para reduzir a oferta monetária e, finalmente, fazer com que a moeda volte a ser valorizada.

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