IGP-M desacelera, mas sobe 0,51% em julho, aponta FGV
No mês passado, índice registrou alta de 1,87%; o acréscimo acumulado já é de 5,92% em 2018 e de 8,24% nos últimos 12 meses
Por Brasil Econômico |
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), usado como referência para reajustes de contratos de aluguel e calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou alta de 0,51% em julho. A variação é maior do que a verificada em junho, de 1,87%, segundo divulgou a FGV.
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Em 2018, o IGP-M já acumula alta de 5,92%. Nos últimos 12 meses, a diferença é ainda maior, de 8,24%. Em julho do ano passado, de acordo com a FGV, o índice havia diminuído em 0,72% e acumulava queda de 1,66% nos 12 meses anteriores.
O IGP-M também está bem acima da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que acumula alta de 4,39% nos últimos 12 meses.
Calculado com base nos preços colhidos entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês atual, o IGP-M é um índice híbrido, que considera tanto o atacado como o varejo. O primeiro corresponde a 60% de seu valor, enquanto o segundo representa 30%. Os 10% restantes dizem respeito ao setor de construção civil.
IPA, o IGP-M do atacado
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - que mede os preços verificados no atacado durante o mês de referência - desacelerou, passando de 2,33% em junho para 0,5% em julho. A principal contribuição para este resultado, segundo a FGV, partiu do subgrupo Alimentos in natura, do grupo Bens finais, cuja taxa de variação passou de 8,19% em junho para -11,55% em julho.
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No geral, o grupo Bens finais variou -0,15% neste mês, ante os 2,58% registrados em junho. Para Bens intermediários, a taxa de variação passou de 2,42% no mês passado para 2,11% em julho. O principal responsável por este movimento foi o subgrupo Suprimentos, que foi de 4,72% para 2,35% na última verificação.
O índice do grupo Matérias-primas brutas caiu para 0,70% em julho, contra o 1,92% registrados em junho passado. Milho em grão, Aves e Minério de ferro foram os itens que mais contribuíram para o recuo, registrando IGP-M de -9,53%, 8,12% e -1,50% em julho, ante 3,7%, 21,22% e -0,06% em junho, respectivamente.
Em sentido oposto, se destacaram o Leite in natura, os Bovinos e o Arroz em casca, cujos índices foram de 7,36%, 1,18% e 4,69% no mês de referência. Em junho, o IGP-M destes grupos era de 3,24%, -0,64% e 2,54%, nesta ordem.
Preços no varejo
Assim como o IPA, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - relativo aos preços registrados no varejo - também recuou, passando de 1,09% em junho para 0,44% em julho.
Das oito classes de despesa que compõem o índice, seis assinalaram queda em suas taxas de variação: Alimentação (de 1,55% para 0,19%), Transportes (1,43% para 0,28%), Vestuário (0,81% para -0,84%), Saúde e cuidados pessoais (0,52% para 0,27%), Habitação (1,45% para 1,37%) e Despesas diversas (0,08% para 0,07%).
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Educação, leitura e recreação e Comunicação, por outro lado, registraram alta no IGP-M de julho, passando de -0,12% e 0,18% para 1,07% e 0,35%, respectivamente.
Impacto nos aluguéis
Os contratos de aluguel costumam sofrer reajustes baseados na oscilação do IGP-M acumulada nos 12 meses anteriores. Como a variação do índice foi negativa no ano passado, os locatários ganharam uma certa vantagem para fazer negociações em 2018.
Além disso, com o mercado retraído, é possível que o setor imobiliário passe a adotar outros índices para fazer os reajustes, como o IPCA, por exemplo, e garantir mais inquilinos.
Câmbio e outros efeitos do exterior
O IGP-M é bastante influenciado pela variação do dólar e das cotações internacionais de produtos primários, como as commodities e os metais, por exemplo. Com a desvalorização do real que se intensificou nos últimos meses e o aumento no preço dos combustíveis, houve uma pressão maior sobre o índice - o que também justifica seu aumento.
A greve dos caminhoneiros, deflagrada há cerca de dois meses, é outro fator responsável pela alta recente do IGP-M. Os protestos provocaram alguns aumentos de grande proporção nos preços e desorganizou muitas das atividades que compõem o índice, como a avicultura, por exemplo.
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A desaceleração de julho, no entanto, aponta que a alta dos preços está perdendo força e deve se estagnar nos próximos meses, principalmente com o momento delicado da economia brasileira e a maior estabilidade do dólar verificada nas últimas semanas.
INCC também em ascensão
Depois de subir 0,76% no mês passado, o INCC -M (Índice Nacional de Custo da Construção) registrou nova alta, desta vez de 0,72%, em julho. Só em 2018, o índice já acumula alta de 2,75%. Nos últimos 12 meses, o acréscimo é de 3,93%.
Das setes capitais acompanhadas, três apresentaram desaceleração em suas taxas de variação: Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
A primeira registrou alta de 0,35% em julho após subir 0,88% no mês anterior. A capital fluminense, por sua vez, aparece com 0,51% de acréscimo neste mês e 0,78% em junho. São Paulo bateu a alta de 1,13% em junho com 0,65% em julho.
No caminho oposto, estão Salvador, Brasília e Porto Alegre, que registraram alta de 0,94%, 0,45% e 1,82% neste mês, respectivamente. Nestas cidades, a variação do INCC apurada em junho havia sido de 0,81%, 0,27% e 0,18%. Belo Horizonte foi a única capital que repetiu a taxa do mês anterior (0,36%).
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Assim como o IGP-M , o INCC também é calculado pela FGV. Desde 1950, o índice acompanha a evolução dos custos das construções habitacionais e é utilizado para correção dos valores dos contratos de compra de imóveis durante a execução da obra.