Déficit de R$ 14,42 bilhões é o melhor resultado das contas públicas desde 2015
Resultado melhor dos últimos três anos foi puxado por contas públicas dos estados e municípios, apesar do desempenho ruim do governo federal
Por Brasil Econômico | * |
Após a Secretaria do Tesouro Nacional divulgar o resultado das contas públicas do Governo Central (que engloba Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) na última sexta-feira (27), o Banco Central divulgou nesta segunda-feira (30) o resultado das contas públicas do setor público consolidado, formado pela União, os estados e municípios que também apresentaram saldo negativo.
Segundo o BC, o déficit primário das contas públicas
(receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros) ficou em R$ 13,491 bilhões, resultado melhor do que de igual período de 2017, quando chegou a R$ 19,552 bilhões. Esse número foi fortemente influenciado pelo resultado negativo do Governo Central que apresentou déficit primário de R$ 14,951 bilhões.
Desse resultado, por sua vez, a maior parte veio da Previdência, com déficit de R$ 14,513 bilhões, praticamente a totalidade do saldo negativo do Governo Central. Por outro lado, os governos estaduais e municipais anotaram um saldo positivo que reduziu o déficit total.
Contas públicas puxadas pelas empresas
Os governos estaduais tiveram superávit primário de R$ 6 milhões, e os municipais, de R$ 347 milhões. As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras, registraram superávit primário de R$ 1,107 bilhão no mês passado.
No primeiro semestre, houve déficit primário de R$ 14,424 bilhões, contra resultado também negativo de R$ 35,183 bilhões em igual período de 2017.
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Já nos 12 meses encerrados em junho, as contas públicas ficaram com saldo negativo de R$ 89,823 bilhões, o que corresponde a 1,34% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
A expectativa, porém, é de que o resultado do segundo semestre seja, como sempre, mais negativo. Tanto que a meta para o setor público consolidado é de um déficit de R$ 161,3 bilhões neste ano.
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Déficit primário não engloba dívida pública
Apenas no mês de junho, os gastos com juros da dívida pública ficaram em R$ 44,450 bilhões, contra R$ 31,511 bilhões no mesmo mês de 2017 resultadno num total acumulado de de janeiro a junho, de R$ 202,976 bilhões, contra R$ 206,584 bilhões em igual período de 2017.
Já nos 12 meses encerrados em junho, os gastos com juros somaram R$ 397,217 bilhões, o que corresponde a 5,94% do PIB. Dessa forma, o déficit nominal, formado pelo resultado primário e os resultados dos juros da dívida somados, atingiu R$ 57,941 bilhões no mês passado ante R$ 51,063 bilhões de junho de 2017.
Enquanto isso, o resultado negativo consolidado no primeiro semestre ficou em R$ 217,4 bilhões, ante R$ 241,767 bilhões em igual período do ano passado. Nos 12 últimos meses, o déficit nominal ficou em R$ 487,041 bilhões, o que corresponde a 7,28% do PIB.
Além disso, a dívida líquida do setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 3,440 trilhões em junho, o que corresponde 51,4% do PIB, com aumento em relação a maio (51,3% do PIB).
No ano, a dívida líquida em relação ao PIB recuou 0,2 ponto percentual. Segundo o BC, essa redução ocorreu principalmente por conta da alta do dólar, acumulada em 16,6%. Ele explicou que a dívida pública cai quando há alta do dólar, porque as reservas internacionais, o principal ativo do país, são feitas de moeda estrangeira.
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Em junho, a dívida bruta - que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais - chegou a R$ 5,165 trilhões ou 77,2% do PIB, com crescimento de 0,1 ponto percentual em relação a maio, o que não entra no balanço das contas públicas, mas afeta a percepção de desempenho da economia nacional.
* Com informações da Agência Brasil