Com o fechamento de 661 vagas com carteira assinada, junho se tornou o primeiro mês de 2018 a apresentar queda no emprego formal, com 1.167.531 contratações e 1.168.192 desligamentos. No mesmo período do ano passado, o Brasil havia registrado a abertura líquida de 16.702 vagas formais.
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O cálculo é feito pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e leva em consideração o saldo entre contratações e demissões do período analisado. O resultado negativo foi inesperado: em abril, o Brasil havia criado 121.146 empregos formais; no mês seguinte, em maio, o saldo positivo foi de 33.659 postos de trabalho. O último revés aconteceu em dezembro de 2017, quando o país perdeu 340.087 empregos formais.
Apesar do índice negativo averiguado no último mês, o saldo do primeiro semestre de 2018 é positivo, de 392.461 vagas abertas no período. De junho de 2017 a junho deste ano, foram criados 280.093 empregos formais no total. Em todo o ano passado, o terceiro seguido em que houve mais demissões do que contratações, a economia brasileira fechou 20.832 postos de trabalho.
Em 2017, as previsões apontavam a criação de 1 milhão de novos empregos com carteira assinada no país. Desde março deste ano, no entanto, a desaceleração tem sido tão brusca que, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo , o mercado de trabalho pode fechar 2018 com saldo líquido de apenas 220 mil vagas formais.
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Setores mais afetados
De acordo com o Caged, houve abertura de vagas em apenas três dos oito setores da economia. O comércio e a indústria de transformação foram os grandes responsáveis pela queda no número de vagas formais abertas. Combinados, os dois setores demitiram 41.441 pessoas com carteira assinada em junho passado.
O primeiro fechou 20.971 postos de trabalho no período analisado. A grande maioria dessas demissões aconteceu no varejo, que perdeu 18.436 empregos no último mês. Os atacadistas também não tiveram muitas razões para comemorar: ainda que em menor ritmo que o varejo, o setor acabou fechando 2.535 vagas de trabalho formais em junho.
A indústria de transformação, por sua vez, perdeu 20.470 empregos no mês passado. Dos 12 ramos industriais observados pelo Ministério do Trabalho, 11 demitiram mais do que contrataram. A indústria têxtil, a metalurgia e o setor de calçados tiveram os piores resultados, com -6.169, -3.427 e -3.334 postos de trabalho criados no período. O destaque positivo, ainda que contido, ficou para a indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários e de perfumaria, que criou 1.013 empregos formais em junho.
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Agropecuária: saldo positivo
Se por um lado o comércio e a indústria decepcionaram, por outro a agropecuária apareceu como o grande destaque do mês. A agroindústria e o campo, ao todo, empregaram 40.917 pessoas com carteira assinada no país em junho passado, ajudados principalmente pelo cultivo do café, que liderou o ranking com 14.024 postos de trabalho criados. As atividades de apoio à agricultura e cultivo da laranja aparecem em seguida com 11.297 e 8.903 empregos, respectivamente.
Além da agropecuária, os setores de serviços industriais de utilidade pública e serviços também apresentaram saldo positivo no último mês. O primeiro abriu 1.151 vagas de trabalho formais, enquanto o segundo foi responsável pela criação de 589 novos empregos.
Dados regionais
A geração de empregos no país é mais otimista se analisada por regiões. Segundo relatório do Caged, quatro das cinco regiões do Brasil tiveram mais contratações do que demissões no último mês: Centro-Oeste (8.366 empregos), Sudeste (3.612), Nordeste (3.581) e Norte (930). A região Sul ficou como destaque negativo, fechando 17.150 postos de trabalho em junho.
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Entre os estados brasileiros, os melhores resultados foram encontrados em Minas Gerais, Mato Grosso e Maranhão, que abriram 12.143, 5.412 e 2.807 vagas de emprego formais no período analisado. Todos os estados do Sul decepcionaram: Paraná fechou 6.609 postos de trabalho; Rio Grande do Sul, 6.521; e Santa Catarina, 4.020.
Caminhos opostos: trabalho intermitente
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo Caged, o saldo líquido do trabalho intermitente foi positivo no último mês: com 4.068 contratações e 1.380 demissões, 2.688 vagas foram criadas no período. Somado à abertura de postos de trabalho pelo sistema de jornada parcial (988 no total, com 4.525 admissões e 3.537 desligamentos), os dois novos contratos, frutos da reforma trabalhista, criaram 3.676 empregos em junho deste ano.
Por definição, o trabalho intermitente acontece esporadicamente, em dias alternados ou por algumas horas pré-estabelecidas, e é remunerado de acordo com o período trabalhado. De acordo com as previsões do governo, essa nova modalidade deve gerar 2 milhões de empregos em três anos.
Situação do emprego no Brasil
Segundo dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua realizada pelo IBGE e divulgada em 29 de junho , o total de desempregados no país chegou a 13.7 milhões - um aumento de 11,2% em relação ao trimestre anterior, quando 12,3 milhões de brasileiros estavam desocupados. A parte empregada da população, que está em 90,6 milhões, caiu 1,7% em relação ao último trimestre do ano passado, quando o índice era de 92,1 milhões.
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Em relação aos empregados com carteira assinada, o número chegou a 32,9 milhões segundo dados apurados pelo IBGE, uma queda de 1,2% ante o trimestre anterior e de 1,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2017. O número de empregados com carteira assinada, por sua vez, ficou em 10,7 milhões, uma redução de 3,6% em relação ao último trimestre do ano passado, mas uma alta de 5,2% ante o primeiro trimestre de 2017.