Menos escolarizados, jovens e mulheres são os grupos que apresentaram maior queda na taxa de desocupação medida pelo Ipea.
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Menos escolarizados, jovens e mulheres são os grupos que apresentaram maior queda na taxa de desocupação medida pelo Ipea.


Trabalhadores com ensino fundamental ou médio, jovens entre 18 e 24 anos e mulheres foram os mais beneficiados pelo recuo no desemprego em 2017. Essa foi a conclusão divulgada hoje (3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir dos dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Houve melhora entre todos os grupos analisados, mas entre os jovens, a taxa de desocupação, ou seja, o percentual de pessoas economicamente ativas que não estão trabalhando (seja num emprego formal ou informal) caiu de 28,8% para 25,3% entre o primeiro e o último trimestre de 2017. Já entre as mulheres, a desocupação passou de 15,8% para 13,2%. E no recorte dos trabalhadores com ensino médio incompleto, o desemprego recuou de 24,2% para 20,4%.

Outro índice destacado pelo Ipea diz respeito ao aumento salarial real dos trabalhadores. Nesse quesito, apesar das mulheres terem crescido em ocupação, foram os homens que obtiveram os maiores aumentos salariais: 2,6%; o que serviu de argumento para questionamentos a respeito da qualidade dessas novas vagas.

Já era sabido que a queda do desemprego em 2017 tinha sido impulsionada pela criação de vagas informais no mercado de trabalho , agora, ao que parece, a maioria dessas ocupações foram destinadas aos jovens, mulheres e pessoas menos escolarizadas.

Aumento na força de trabalho

O Ipea divulgou ainda que o impacto da queda nas taxas de desocupação só não foram mais sentidos nos valores absolutos do número de desempregados porque a força de trabalho aumentou. O instituto explicou que segundo microdados extraídos da PNAD-C, o número de trabalhadores marginalmente ligados à População Economicamente Ativa (PEA) vem crescendo. São pessoas que estão inativas, mas que desejam voltar ao mercado à medida que as condições de trabalho forem melhorando.

Essa interpretação reforçou o otimismo dos analistas uma vez que, mesmo com o aumento da oferta, foi possível notar um crescimento no aumento salarial de todos os recortes etários, geográficos e de gênero.

Para explicar esse movimento, a primeira hipótese levantada foi de trabalhadores teriam saído da informalidade, aumentando seu rendimento. Mas os dados segmentados mostraram o contrário, descartando essa possibilidade. A explicação ficou por conta, portanto, do maior nível de escolaridade dos trabalhadores, o que contempla tanto a contratação de profissionais mais escolarizados quanto a demissão de trabalhadores menos qualificados.

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Tudo isso aumentou a expectativa de uma recuperação econômica projetada para 2018 puxada pela retomada do consumo das famílias.

Algo bem mais difícil de identificar, porém, é o impacto das novas regras trabalhistas nessa taxa de ocupação . Isso porque a lei número 13.467/2017 (conhecida como Lei da Reforma Trabalhista) deve gerar um aumento na formalização do emprego, já que estimula a absorção pelo mercado formal de um contingente de trabalhadores sem carteira asisnada que poderão ofertar de forma legal trabalhos intermitentes ou com jornadas flexíveis. Por outro lado, a lei nº 13.429/2017 (conhecida como nova Lei da Terceirização) pode vir a favorecer o aumento da participação de trabalhadores por conta própria.

Entenda os dados do desemprego

Num primeiro momento, a análise otimista do Ipea dos dados coletados em 2017 pode parecer ultrapassada uma vez que o IBGE já divulgou índices de desemprego em crescimento nos meses de janeiro e fevereiro de 2018. Mas com o fechamento das vagas temporárias de final de ano, os analistas já esperavam que o percentual de desempregados aumentasse nesse período.

Entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, o percentual de desempregados ficou em 12,2%, o correspondente a 12,7 milhões de pessoas. Já entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018, o percentual subiu para 12,6%, o que equivale a 13,1 milhões. A diferença de 400 mil trabalhadores é explicada pela saída do mês de novembro (onde ocorre abertura de vagas) e entrada do mês de fevereiro na conta (onde ocorre fechamento de boa parte dessas mesmas vagas).

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Para desconsiderar a sazonalidade que impacta esses números, é possível comparar o período com anos anteriores. Nesse caso, é possível notar que, apesar de ainda não estarmos próximos dos índices de desemprego pré-crise, os 13,1 milhões de desempregados em fevereiro de 2018 ficam abaixo dos 13,5 milhões estimados em fevereiro de 2017. O que indica uma retomada da economia lenta e gradual.

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