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A diferença salarial no mercado de trabalho é ainda maior quando se considera níveis de ensino mais alto
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A diferença salarial no mercado de trabalho é ainda maior quando se considera níveis de ensino mais alto

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, mesmo trabalhando e estudando mais, as mulheres continuam recebendo salários inferiores aos dos homens . A análise sobre mercado de trabalho feita pelo estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil mostra que elas ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens.

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A apuração feita em 2016 contabilizou no período que, enquanto o rendimento médio mensal dos homens era de R$ 2.306, o das mulheres era de R$ 1.764. A diferença salarial é ainda maior quando se considera o ensino superior completo, uma vez que, nesta categoria, o rendimento das mulheres no mercado de trabalho equivalia a 63,4% do os homens recebiam, em 2016.

Em relação às horas de trabalho, em 2016, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais aos cuidados pessoais ou afazeres domésticos, 73% a mais de horas do que os homens, que cumpriram uma média de 10,5 horas semanais.  A diferença é ainda maior quando se considera apenas pretas ou pardas, que cumprem, em média, pelo menos 18,6 horas semanais às responsabilidades mencionadas. Entre os homens, o indicador pouco variou ao se considerar cor ou raça.

Além disso, quando se trata de conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, elas são as que mais aceitam empregos de carga horária menor – até 30 horas por semana - totalizando 28,2%. Já entre os homens, o índice fica em 14,1%.

Ao fazer o recorte social, o IBGE também constatou que são as mulheres pretas ou pardas que mais ocupam funções por tempo parcial, alcançando 31,3% do total, enquanto que, entre mulheres brancas, a marca é de 25%. Entre os homens brancos, 11,9%, já pretos ou pardos, as porcentagens ficaram em 16%.

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Cargos gerenciais

Em 2016, no Brasil, 62,2% dos cargos gerenciais – tanto do poder público quanto da iniciativa privada – eram ocupados por homens. As mulheres estavam presentes em 37,8% deles, sendo a participação feminina nesses cargos de chefia mais considerável entre mulheres de até 29 anos, quando a porcentagem chega a 43,4%.

Ensino superior

Na dimensão educacional foi revelado que os homens têm uma entrada precoce no mercado de trabalho e, que as mulheres atingem, em média, um nível de instrução superior ao dos homens. E a maior diferença percentual encontra-se no nível “Superior completo”: na faixa etária entre 25 e 44 anos, 15,6% dos homens completaram a graduação, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%.

Entre as mulheres também há diferença. O percentual de brancas com ensino superior completo é de 23,5%. Entre as mulheres pretas ou pardas a marca não passa dos 10,4%, ou seja, 2,3 vezes inferior. Ao se considerar homens pretos e pardos, a diferença é ainda mais gritante, uma vez que, nesse grupo, o percentual foi de apenas 7%.

Ensino escolar

No ensino médio, a presença de homens também é inferior a das mulheres, a taxa de frequência escolar líquida de homens de 15 a 17 anos era de 63,2% em 2016. A taxa de frequência feminina é 10,3 pontos percentuais (p.p) superior, já que bate a marca de 73,5%. “Isso significa que, 36,8% dos homens dessa faixa etária possuíam atraso escolar para o ensino médio, resultante de repetência e/ou abandono escolar”, apontou a pesquisa.

Ao se considerar cor ou raça também há um dado novo, uma vez que 30,7% das mulheres pretas ou pardas, de 15 a 17 anos de idade, apresentaram atraso escolar no ensino médio. Entre as mulheres brancas a taxa ficou em 19,9%. Contudo, o maior diferencial de grupos foi entre homens pretos e pardos e mulheres brancas, nessa comparação, o diferencial foi mais que o dobro, 42,7% deles, em 2016, estavam atrasados na vida escolar.

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Análise

Segundo a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo, é possível observar o que se chama de “teto de vidro” ou “glass ceiling”. Na análise da especialista sobre a diferença existente no mercado de trabalho, “a mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”.

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