Com valor de mercado estimado em cerca de US $ 3,7 bilhões, a fabricante de aeronaves brasileira Embraer SA poderá ser adquirida pela multinacional norte-americana Boeing Company. De acordo com um comunicado conjunto publicado nesta quinta-feira (21) pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Comission), as empresas afirmaram que estão em tratativas a respeito de uma “potencial combinação”, mas, que as bases da negociação ainda estão em discussão.
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A informação, dada incialmente pelo jornal americano The Wall Street Journal (WSJ) já foi suficiente para movimentar a bolsa de valores. Em São Paulo, as ações da Embraer fecharam em alta de 22,5%, a R$ 20,20, mas chegara a atingir, mais cedo, uma valorização de quase 40%, a R$ 23. O Ibovespa avançou 2,41%, a 75.133 pontos.
A mudança daria à companhia norte-americana presença no mercado de jatos regionais e ajudaria a enfrentar uma recente mudança da Airbus SE, que anunciou que planeja assumir uma participação maioritária em uma joint venture com a Bombardier, que constrói o avião de passageiros SCSI de um único corredor.
Aprovação do governo
Em sua publicação, o jornal afirmou que as partes estariam aguardando uma palavra do governo brasileiro sobre se ele assinaria a combinação. Isso porque o governo tem a chamada “ golden share ” ou “ação de ouro” na Embraer, que lhe dá poder de veto em eventual mudança acionária da empresa.
Apesar de o Planalto não ter se manifestado oficialmente, o presidente Michel Temer já se posicionou contrário ao acordo, conforme informou os jornais Folha de São Paulo . O jornal apurou que o presidente afirmou apoiar qualquer tipo de negociação, menos que coloque em jogo o controle acionário da empresa brasileira.
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O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região também se colocou contra a notícia e declarou que repudia a possibilidade de venda da nacional. Para a entidade, que representa os trabalhadores da companhia, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro.
“Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional”, destacou em nota.
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Segundo o sindicato, a Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil. "[A empresa] já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país”.
Possibilidades
Caso a venda ocorra, esse seria o mais recente de uma série de acordos aeroespaciais de grande sucesso que poderiam refazer o cenário da produção de aviões no mundo todo, impulsionada pelos esforços da Airbus e da Boeing para reduzir os custos.
Para conseguir o apoio do governo, a Boeing está disposta a tomar medidas para proteger a marca, gerenciamento e emprego da Embraer e estruturar um acordo que garante proteção ao interesse do governo no negócio de defesa da empresa, que já possui joint venture com a Boeing, conforme descreveu a reportagem do WSJ.
Empresas
A Embraer, com sede em São José dos Campos, no estado de São Paulo, é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, de acordo com seu site. Também é conhecida por fazer jatos regionais na faixa de 70 a 100 lugares, que são fortemente utilizados em rotas onde a demanda não garante o funcionamento de grandes aviões Boeing ou Airbus. O menor jato da Boeing, por exemplo, tem 130 lugares, e a empresa já não havia manifestado interesse em aviões menores.
As ofertas de defesa da Embraer incluem o ataque leve A-29 Super Tucano, aviões de treinador avançado e o avião de carga militar multi-missão KC-390. A companhia também fabrica sistemas integrados de monitoramento e vigilância de fronteiras.
A Embraer foi fundada em 1969 com a ajuda do governo brasileiro. Quando o governo privatizou a empresa, em 1994, a Embraer não foi lucrativa e selada com mais de US $ 200 milhões em dívidas. Mais cedo, naquela década, havia investido esforços no CBA 123, uma inovadora aeronave de hélice de 19 assentos, mas os compradores recusaram o preço íngreme e não venderam um único.
A Boeing, fundada em 1916 e com sede em Chicago, é a maior empresa aeroespacial do mundo. Isso faz aviões comerciais e sistemas de defesa, espaço e segurança. Além dos aviões comerciais, a empresa, com um valor de mercado de cerca de US $ 177 bilhões, faz aeronaves militares, armas, satélites e sistemas de lançamento.
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*Com informações da Agência Brasil