A maioria dos consumidores pretende reduzir os gastos em dezembro. Segundo o Indicador de Propensão ao Consumo, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 54% pretendem diminuir as despesas. Outros 36% pretendem mantê-los no mesmo patamar, enquanto 6% esperam aumentá-los.
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O levantamento mostra que, entre os que vão desembolsar menos nas compras, 25% justificam a ação devido aos altos preços. Endividamento (15%), desemprego (12%) e queda na renda mensal (11%) também são fatores apontados pelos consumidores. O fato de estarem sempre economizando como hábito, foi citado por 25% dos entrevistados pelo SPC Brasil e a CNDL.
Excluindo os itens de supermercado, os produtos que os consumidores planejam adquirir ao longo de dezembro são em sua maioria roupas, calçados e acessórios (26%). Remédios (20%), recarga para celular pré-pago (12%), perfumes e cosméticos (11%), eletrônicos (8%), viagens e brinquedos (8%) também são citados.
De acordo com o estudo, em novembro, somente 18% dos brasileiros ficaram com as contas no azul, com sobra de recursos para consumir mais ou fazer investimentos. Por outro lado, 41% admitem estar no zero a zero, sem sobra e nem falta de dinheiro. Por outro lado, 36% alegam estar no vermelho, sem conseguir pagar as contas.
Para a economista do Serviço de Proteção ao Crédito, Marcela Kawauti, a renda extra de final de ano pode ajudar a aliviar o aperto no orçamento. “O pagamento de 13º pode aliviar a situação do consumidor, mas vale lembrar que se trata de um aumento de renda temporário. Uma vez restaurado o equilíbrio do orçamento, o consumidor precisa manter o controle dos gastos, estabelecendo prioridades e fazendo ajustes quando necessário. É uma tarefa constante, que exige disciplina, mas que faz diferença no bem-estar financeiro do consumidor”.
Despesas
Em relação ao mês de outubro, o Indicador de Uso do Crédito, que apura o uso das principais modalidades e mapeia os principais gastos dos consumidores, ficou em 26,5 pontos. O resultado é próximo da média de 26,8 pontos obtida durante o ano. A escala do indicador varia de zero a 100. Quanto mais alto, maior o número de usuários e da frequência da utilização das modalidades.
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Cerca de 59% dos consumidores asseguraram não terem utilizado em outubro nenhuma modalidade de crédito, como empréstimos, linhas de financiamento, crediários e cartões de crédito. O restante mencionou ao menos uma modalidade a qual tenham recorrido no período. Os cartões de crédito, com 36%, crediário, com 13% e o cheque especial, com 7% foram as mais utilizadas.
Aproximadamente 41% dos usuários de cartão de crédito aumentaram o valor da fatura em outubro. Para 31%, o valor permaneceu estável em comparação aos meses anteriores e, para 23%, houve diminuição no total a ser pago na fatura. A média dos gastos no cartão foi de R$ 1.065. Segundo 61% dos consultados, a modalidade foi utilizada para comprar alimentos. Remédios (45%), bares e restaurantes (34%), combustível (31%), roupas e calçados (28%) e recarga para celular (16%) aparecem em seguida.
Crédito negado
Outro dado evidenciado pela pesquisa é que 50% dos brasileiros consultados consideram difícil a contratação de crédito, empréstimo ou financiamento no mercado. Apenas 14% consideram a contratação simples.
Ao tentar fazer uma compra parcelada em estabelecimentos comerciais, 23% tiveram o crédito negado em outubro, sendo que 9% estavam com o CPF negativado e 8% não conseguiram comprovar renda ou não tinham dinheiro suficiente.
Considerando os consumidores que possuem empréstimos e financiamentos atualmente, 28% relatam ter atrasado o pagamento ao longo do contrato e 23% disseram estar com parcelas pendentes de pagamento. Com isso, há aproximadamente 51% de consumidores com dificuldades para honrar esse tipo de compromisso.
"O cenário de recessão intensificou o cuidado das instituições financeiras no momento de conceder crédito, dificultando seu acesso pelo consumidor. Com desemprego elevado, muitos nem conseguem comprovar renda. Com a retomada gradual da economia, a expectativa é de que esse quadro comece a se reverter aos poucos”, expõe Marcela.
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Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, alguns cuidados devem ser tomados na hora de contratar um empréstimo ou financiamento. "Se o empréstimo não visa a cobrir uma necessidade emergencial, pode ser o caso de esperar mais um pouco para tomá-lo. Convém analisar a real necessidade de assumir um compromisso que, muitas vezes, só acaba depois de anos", conclui.