Os 10% da população com os maiores rendimentos possuem 43,4% de tudo o que é recebido no Brasil. Ao mesmo tempo, o grupo dos 10% com os menores rendimentos detêm somente 0,8% do total. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016 ( Pnad Contínua 2016 ), divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Segundo o levantamento, a soma de rendimento mensal domiciliar foi de R$ 255,1 bilhões, em 2016. O IBGE evidenciou ainda que, entre os 205,5 milhões de habitantes no Brasil, 60,5%, ou seja, 124,4 milhões possuíam algum tipo de rendimento. Desse total, 42,4% ou 87,1 milhões detinham rendimentos do trabalho e 24%, ou 49,3 milhões recebiam rendimentos de outras fontes. O rendimento mensal médio de todas as fontes foi de R$ 2.053.
A região Sudeste registrou os maiores valores médios, com R$ 2.461. As regiões Norte e Nordeste, por outro lado, tiveram rendimentos de, respectivamente, R$ 1.468 e R$ 1.352. O grupo de 1% dos trabalhadores com os maiores rendimentos recebia, em média, R$ 27.085. O resultado é 36,3 vezes mais do que o recebido pela metade com os menores rendimentos, com R$ 747.
Entre os rendimentos médios da metade menos remunerada, o Sul deteve a maior média, com R$ 949, quase o dobro das do Nordeste, com R$ 485 e do Norte, com R$ 560. A região Sudeste, com R$ 132,7 bilhões, apresentou a maior massa de rendimento, que permaneceu elevada mesmo com a soma das demais regiões: Nordeste, com R$ 43,8 bilhões, Sul, com R$ 43,5 bilhões, Centro-Oeste, com R$ 21,8 bilhões e Norte, com R$ 13,4 bilhões.
Do rendimento médio mensal domiciliar per capita, 74,8% vem do trabalho e 25,2% vêm de outras fontes, como aposentadoria e pensão, com 18,7%, outros rendimentos, com 3,2%, aluguel e arrendamento, com 2,2% e pensão alimentícia, doação e mesada de não morador, com 1,1%.
Resultados regionais
A massa de rendimento efetivo mensal das pessoas com rendimento no trabalho foi de R$ 191 bilhões, com rendimento médio de R$ 2.149. O Sudeste, mais uma vez, concentrou a maior média, com R$ 2.536. Em seguida, estão as regiões Centro-Oeste, com R$ 2.432, e Sul, com R$ 2.300. Os menores rendimentos mensais médios partiram do Norte, com R$ 1.567 e do Nordeste, com R$ 1.427.
O índice de Gini, que varia de zero, para perfeita igualdade até um, para desigualdade máxima, do rendimento mensal real domiciliar per capita foi de 0,549. A menor desigualdade foi registrada no Sul, com 0,473. A maior ficou no Nordeste, com 0,555. O Centro-Oeste ficou com 0,523, Sudeste com 0,535 e Norte, com 0,539.
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Levando em consideração todos os trabalhos, entre a população ocupada de 14 anos de idade ou mais, o Gini foi de 0,525. A região mais desigual é o Nordeste, com 0,545, em oposição ao Sul, com 0,465. Os resultados obtidos nas demais regiões foram: Centro-Oeste, 0,493, Norte, 0,517 e Sudeste, 0,520.
Fontes diferentes do trabalho
Dos 49,3 milhões que recebiam rendimentos de outras fontes, abrangentes a aposentadoria e pensão, com 13,9%, outros rendimentos, com 7,7%, pensão alimentícia, doação e mesada de não morador, com 2,4% e aluguel e arrendamento, com 1,8%, o Nordeste se destacou com o maior desequilíbrio entre os rendimentos provenientes de todos os trabalhos e outras fontes.
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Nessa região, 27,6% da população residente depende de outras fontes, sendo o maior índice em termos regionais. Com isso, somente 35,7% possuem rendimento de todos os trabalhos.
Aposentadoria e pensão tiveram as maiores participações na renda familiar das grandes regiões, com resultado mais acentuado no Sul, que possui a população mais idosa do País, com 17,3%. Em seguida, estão as regiões Sudeste, com 15%, Nordeste, com 13,1%, Centro-Oeste, com 10,8% e Norte, com 8%.
No que se diz respeito ao rendimento médio mensal de outras fontes, o valor foi de R$ 1.305. A menor quantia veio do Norte, com R$ 821, e a maior do Sudeste, com R$ 1.622. Os outros rendimentos, como seguro desemprego, programas de transferência de renda, rendimentos de poupança, entre outros, foram em média, R$ 516. O maior valor novamente partiu do Sudeste, com R$ 784 e o menor do Nordeste, com R$ 347.
Desigualdade salarial
No ano passado, o mercado de trabalho brasileiro era composto por 88,9 milhões de pessoas ocupadas com 14 anos de idade ou mais. Entretanto, apesar de as mulheres representarem mais da metade dos indivíduos em idade de trabalhar, os homens ocuparam 57,5% dos postos de trabalho.
Entre essa população, o rendimento médio mensal real foi de R$ 2.149, com as mulheres recebendo em média R$ 1.836, o equivalente a 22,9% a menos do que os homens, que receberam R$ 2.380 no período.
Embora o Sudeste tenha apresentado a maior média de rendimento para homens, com R$ 2.897 e mulheres, com R$ 2.078, também concentrou o maior teor de desigualdade, com as mulheres ganhando salários 28,3% inferiores se comparados aos dos homens. O Norte e o Nordeste registram os menores rendimentos médios, porém a menor desigualdade salarial, com as mulheres ganhando, respectivamente, 10,8% e 11,6%, menos do que os homens.
Os brancos representavam 46,6% da população ocupada, enquanto os pretos, 9%, e os pardos, 43,4%. O rendimento médio de todos os trabalhos das pessoas brancas, estimado em R$ 2.810, foi aproximadamente 45% superior ao das pessoas pretas, com R$ 1.547 e pardas, com R$ 1.524.
Os brancos ainda registraram rendimentos 30,8% maiores à média nacional, de R$ 2.149. Em contrapartida, os pretos e pardos receberam rendimentos, respectivamente, 28% e 29,1%, inferiores.
Escolaridade
Em relação à escolaridade da população ocupada, os trabalhadores com ensino superior completo tiveram rendimento médio mensal de R$ 5.189, valor três vezes maior que o recebido por aqueles com apenas o ensino médio completo, com R$ 1.716. O resultado é ainda mais discrepante se considerada a população sem instrução, uma vez que recebem seis vezes menos, com salários médios de R$ 884. Se comparado as pessoas com ensino fundamental completo, que receberam em média R$ 1.395, o percentual é 36,67% menor.
Metodologia
A Pnad Contínua elaborada pelo IBGE traz informações conjunturais sobre as tendências e flutuações da força de trabalho brasileira , avaliando trimestralmente outros indicadores relacionados aos demais temas suplementares da pesquisa. Desse modo, o estudo abrange domicílios selecionados por cinco trimestres consecutivos, uma vez a cada trimestre, com detalhamento geográfico para Brasil e Grandes Regiões. Assuntos como trabalho infantil também contemplam o diagnóstico.
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