Desenvolver corretamente o orçamento de uma empresa é uma tarefa árdua no ambiente corporativo . Ainda mais quando elaborado em cima de dados e eventos históricos, muitas vezes ineficientes, que podem gerar uma falta de comprometimento do time operacional, já que os resultados se tornam inviáveis pela falta de planejamento e excesso de informações não condizentes. Entretanto, há um método capaz de reverter essa lógica tradicional: o Orçamento Base Zero (OBZ).
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Definido como uma ferramenta que alinha a estratégia da empresa ao planejamento e controle financeiro, dentro de um determinado período, o Orçamento Base Zero é feito a partir de uma base zerada, ou seja, sem levar em consideração as receitas, custos, despesas e investimentos de exercícios anteriores.
Otimizar os resultados das empresas em crise ou saudáveis financeiramente, porém que almejam melhorar a performance por meio do conhecimento do que é de valia ou não para a entidade é o principal intuito desse método. Além disso, possibilita a rediscussão total do negócio, uma vez que racionaliza cada gasto com o seu respectivo resultado.
A fim de auxiliar na aplicação do método para a melhoria da governança corporativa, o sócio fundador da Peers Consulting, Marcelo Shiramizu explicou os três níveis de implantação do OBZ, interligados ao bom funcionamento da empresa. Confira:
1- Diretrizes Orçamentárias
Nessa fase, o principal fator é o planejamento que proporciona a visão a longo prazo. Sendo anualmente atualizado para os próximos cinco anos, essa ferramenta define as metas de investimentos e as projeções de crescimento da empresa. Aqui, é de extrema importância que haja a discussão de quais serão os impulsionadores de resultados da corporação, bem como a simulação de possíveis cenários que podem ajudá-la a conquistar seu objetivo central. Informações que englobam a estratégia M&A, dividendos, estrutura de capital e price target podem ser usadas nesse passo.
2- Planejamento Orçamentário
Esta etapa é considerada a mais trabalhosa, demandando a estruturação de um plano detalhado, que sirva como orientador para os próximos 12 meses da entidade. A construção do plano deve ocorrer de forma botton-up , ou seja, com todos os gestores da empresa e baseado na composição unitária dos gastos – quantidade versus custo unitário. Desse modo, todos os gastos devem ser questionados e justificados através da real necessidade da empresa.
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3- Execução Diária
No último nível, há o acompanhamento que objetiva assegurar a rigidez, visibilidade, previsibilidade e a identificação de ações compensatórias que podem corrigir as rotas. É necessário que o gestor tenha em mente, que nessa etapa é preciso disciplina e rigidez corporativa, além da dinamização das análises das metas, a divulgação dos resultados alcançados e o incentivo as medidas compensatórias.
Resumidamente, essa fase representa um ciclo de quatro etapas, que devem ser realizadas todos os dias para o sucesso da meta inicial: execução do planejado > acompanhamento e mensuração dos resultados > plano de ações compensatórias > elaboração do forecast .
Aplicação e erros frequentes
O método pode ser utilizado por empresas de todos os segmentos e tamanhos, basta que estimem profissionalizar sua gestão, promover uma cultura de eficiência operacional e reduzir os custos. Entretanto, Shiramizu ressalta que é importante o engajamento de toda a equipe.
Entre os erros mais comuns cometidos pelas instituições estão a gestão do processo por uma equipe que não possui um forte conhecimento funcional do negócio e a falta de alinhamento, objetividade e engajamento dos stakeholders . A pouca rigidez no que se diz respeito ao acompanhamento, sem a busca por ações compensatórias e a falta de orientação da equipe em relação as metas estimadas são outras armadilhas que as empresas costumam cair.
Considerado um método eficiente, os primeiros sinais do Orçamento Base Zero tornam-se visíveis rapidamente. Entre alguns deles estão uma maior velocidade nos processos, a otimização de custos e o aumento da motivação do quadro de pessoal , já que proporciona uma iniciativa ampla e a responsabilidade acerca da tomada de decisões.
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